O deputado estadual Wilson Santos (PSD) disse que o crime organizado tem aliados eleitos na Assembleia Legislativa. Ele não sabe quem são, mas afirma que “de 4 a 5” parlamentares já teriam pedido favores a faccionados presos.
A declaração foi dada em entrevista ao site Repórter MT, na semana passada. Wilson Santos disse que soube da relação entre deputados e organizações criminosas na campanha eleitoral do ano passado.
O deputado disse que foi interrompido por uma pessoa durante passeata em dois bairros de Cuiabá, em setembro. Esse alguém teria se aproximado dele e dito que os eleitores na região já tinham seu candidato, vinculado a uma facção criminosa.
“Eu estava num pequeno trio elétrico, pedindo voto no bairro. Alguém se aproximou do trio em um carro e disse: ‘Pai, aqui não; aqui nós temos candidato. Pode ir embora’. Terminei e fui embora”, disse.
Wilson Santos disse que repassou a informação ao então secretário de Segurança, Alexandre Bustamante, no dia seguinte. O secretário quem teria dito a ele que outros parlamentares já o tinham procurado e pedido para que fossem feitas instalações de tomadas em celas de supostos membros de facções.
“Ele falou: ‘Você é o quarto ou quinto deputado que vem aqui. Mas, o senhor é o primeiro que vem pedir providência. Outros dois, três colegas seus vieram pedir para reinstalar tomadas [em celas], para que os líderes do crime organizado presos possam recarregar seus celulares’. Estou falando isso como homem público e citando o nome do secretário Bustamante. Já tem deputado na Assembleia”, disse.
Wilson disse que o secretário se negou a passar os nomes dos deputados estaduais supostamente envolvidos. O governador Mauro Mendes disse que não tem informação sobre esses casos e considerou a situação como “grave”.
“É gravíssimo, gravíssimo, se um deputado faz um pedido desses. Tem que colocar o nome, senão ficam os 24 deputados sob suspeita. E isso não é justo, porque se um fez, 23 não podem ficar com essa mancha”, afirmou.