“Nós não temos para onde ir com nossos filhos e estamos abandonados à própria sorte. Me ofereceram leite para ir embora, mas não tenho para onde ir”, diz Valéria durante desabafo gravado pelo vereador Lindomar Guida (PMDB).
O parlamentar contou à reportagem que esteve no ginásio poliesportivo do bairro Jardim das Violetas, em Sinop (500 km de Cuiabá), após receber reclamações de moradores de que não poderiam mais usar o espaço por ter famílias ocupando o local.
“Eu fui até lá ver o que estava acontecendo e não acreditei quando vi que famílias estão lá há tanto tempo em uma situação de insalubridade. Busquei informações com a secretária responsável pela assistência social do município, Josi Palmasola, e ela me informou que já tinha oferecido de tudo para as famílias saírem de lá, mas quando voltei para conversar com os moradores pude confirmar que a secretária mentiu”, afirmou o parlamentar.
Lindomar ainda fez questão de apresentar um vídeo demonstrando a realidade dos moradores durante a sessão parlamentar desta quinta-feira (22), que contém o relato emocionante da mãe de família.
“Nós sabemos que a prefeitura tem condições e obrigações legais de oferecer o aluguel social a famílias necessitadas, e não fazer isso é desumano”, reafirmou.
Relembre o caso
Mais de 20 famílias foram retiradas de uma Área de Preservação Ambiental (APP), em Sinop, há 503 km de Cuiabá, que tinha sido invadida em 2016. A ordem de despejo foi cumprida no dia 16 de maio de 2018 e, desde então, as famílias estão abrigadas em um ginásio de esportes.
A prefeitura entrou na Justiça, que deu a ordem de desocupação do local. As casas de concreto e de madeira foram demolidas.
Com a ordem de despejo, as famílias tiveram que deixar as casas durante a desocupação.
A maioria dos moradores foi realocada para esse ginásio, que fica no Bairro Jardim das Violetas, onde deveriam permanecer por apenas cinco dias.
Segundo a Prefeitura de Sinop, as famílias foram notificadas no mês de fevereiro de 2018 para que desocupassem a área, mas não saíram e, por isso, houve a necessidade do cumprimento da decisão, junto com a Polícia Militar.
A PM informou ainda que não houve resistência por parte dos moradores.