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Por fora bela viola e por dentro? Terminal rodoviário de Cuiabá coleciona problemas de infraestrutura

O imponente prédio visto da rua "esconde" em seu interior vazamentos, infiltrações e banheiros parcialmente interditados por falta de condições de uso

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Por fora bela viola e por dentro? Terminal rodoviário de Cuiabá coleciona problemas de infraestrutura
Terminal Rodoviário de Cuiabá (Foto: Natália Araújo / O LIVRE)

Quem passa pelo Terminal Rodoviário Engenheiro Cássio Veiga de Sá, em Cuiabá, tem pelo menos uma reclamação a ser feita quanto a infraestrutura do local, quer seja sobre a infiltração no teto, sobre os banheiros com sanitários entupidos, chuveiros desativados ou com pombos que se escondem no teto.

A administração local reconhece alguns problemas e adianta que, no próximo mês, deve iniciar a reforma prevista no contrato de concessão assinado com o governo do Estado, há quase um ano.

Logo na chegada do terminal, próximo aos guichês, alguns pontos no teto chamam a atenção: há manchas que parecem infiltração e há uma água amarronzada pingando, sem parar. Quem estaciona próximo aos guichês certamente será premiado com os pingos no veículo.

“Eu vi isso aqui e pensei que poderia ser café, mas depois percebi que é uma água. Agora, sabe-se lá o que é isso, será que é esgoto?”, questiona um motorista, que preferiu não se identificar.

No teto já existem buracos por onde pinga a água. Em outro ponto, ela escorre pela parede. (Foto: Natália Araújo / O LIVRE)

Banheiros deixam a desejar

O Daniel Alencar, de 36 anos, é supervisor de produção e trabalha viajando. Pelo menos uma vez por mês, o rapaz passa por Cuiabá e elege os banheiros como ponto mais crítico. “Deveria ter um acompanhamento melhor, tem dia que está praticamente impossível fazer uso dali”, cobra. Nesta quarta-feira (18), o banheiro masculino superior, por exemplo, estava com as cabines de banho desativadas (inclusive trancadas com cadeado).

O viajante conta ainda que, uma vez, desembarcou de manhã e ao ir ao banheiro, a porta estava trancada. “Como que trancam o banheiro? Acho que fazem isso à noite e de manhã demoram abrir”, reclama.

A situação no banheiro feminino é um pouco melhor no quesito sanitários e chuveiro, mas, as goteiras no telhado e a presença de pombos no ambiente demonstram que há problemas a serem resolvidos.

“Hoje está melhor que no mês passado quando estive aqui”, conta a dona de casa, Katty Sarina Basílio Costa, de 38 anos. “No outro dia estava chovendo, o telhado estava com muitas goteiras e tinham muitos pombos aqui”, relata apontando para o canto do banheiro onde, ontem, estava um pombo.

Uma idosa, que não quis se identificar, conta que mensalmente vem a Cuiabá, por conta de tratamento de saúde e desembarca na rodoviária. A mulher foi enfática na reclamação e disse que os sanitários ficam entupidos de forma recorrente. “São poucas cabines para um fluxo tão grande de gente, isso sem contar os vasos que ficam entupidos direto”, diz. “Está uma vergonha essa rodoviária”, lamenta.

Os banheiros superiores são trancados no período noturno, quando o fluxo de pessoas é menor. Por conta da estrutura antiga, as cabines mostram o efeito do tempo. (Foto: Natália Araújo / O LIVRE)

Poucos bancos

A área dos guichês tem um fluxo intenso de pessoas que ora chegam, ora partem. Mas há também aquelas que esperam para irem embora e essas pontuam a falta de bancos próximo aos guichês de venda de passagem.

As cadeiras disponíveis no saguão são direcionadas aos clientes dos quiosques de lanches. Já no andar de baixo, há poucos conjuntos de cadeiras e algumas estão estragadas.

“Se a gente chama um carro por aplicativo, fica aqui em pé, esperando, não tem onde se sentar. Os bancos são alguns poucos na parte de baixo e o restante, só lá em cima. A logística é ruim”, comenta a agente comunitária de saúde, Marlene Mello, de 51 anos.

No saguão, as cadeiras disponíveis são dos quiosques de lanches (Foto: Natália Araújo / O LIVRE)

Para o vigilante Rony Benedito de Siqueira, de 30 anos, além dos bancos, faltam tomadas suficientes também. Algumas ficam nos pilares próximo a área de embarque. “É pouco demais para tanta gente carregar o celular para seguir a viagem, por exemplo”, diz.

O que diz a administração da Rodoviária?

A administração do terminal rodoviário está sob o comando da Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico Ltda. (Sinart) que reconhece os problemas existentes no local, afinal, o prédio existente ali é de 1977.

O gerente geral, Selmo Marques de Oliveira, esclarece que a água que pinga do teto na área próxima aos guichês é de um espaço chamado “caixão vazio”, uma espécie de laje, e não dos banheiros como muitas pessoas pensam, a rede de esgoto sequer passa ali próximo.

“Essa estrutura da parte de cima dos guichês não tem acesso para as pessoas. Ali dentro fica madeira, restante de material da obra. Quando há infiltração, esse material que está ali, começa a apodrecer e é essa água que tem sido vista pingando do teto”, explica o gerente.

Oliveira diz que já foi feito um diagnóstico da estrutura da rodoviária e o resultado foi apresentado à Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), indicando quais as intervenções deverão ser feitas no local, conforme previsto no contrato que foi assinado em maio de 2021. A estimativa é que as obras sejam iniciadas no próximo mês.

Dentre as melhorias que serão feitas está a construção de novos banheiros, conta o gerente, e a instalação de mais bancos e ampliação da plataforma de embarque, além da manutenção do trabalho de controle da população de pombos que fica no local.

Cuidado com o atual

Com relação às estruturas atuais, Oliveira esclarece que os banheiros do piso superior são trancados no período noturno devido a diminuição do fluxo de passageiros nesse período. Porém, logo pela manhã é reaberto.

No banheiro superior masculino não tem mais chuveiro para os passageiros (Foto: Natália Araújo / O LIVRE)

O gestor reconhece que, às vezes, ocorre mesmo problema com os sanitários. Nesse ponto, comenta que é frequente usuários jogarem papel higiênico dentro dos vasos e isso acaba entupindo a rede.

Quanto a desativação dos chuveiros masculinos, Oliveira afirma que a retomada ocorrerá quando os problemas ali forem resolvidos. No que diz respeito à limpeza, o gerente explica que há funcionários responsáveis por esses cuidados. Na entrada, inclusive, é possível ver uma lista de controle do horário das inspeções e limpeza.

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