Procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges Pereira aditou denúncia contra o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, por supostamente ser o idealizador e coordenador do esquema de escutas telefônicas ilegais, durante o governo de seu primo, Pedro Taques (PSDB).
A decisão foi protocolada no fim da tarde dessa segunda-feira (15), na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
Em sua decisão, o procurador-geral aponta Paulo Taques como o mentor e responsável direto pela montagem do esquema de escutas ilegais, criado para atender seus interesses pessoais e políticos, inventando uma “história cobertura”.
Paulo Taques teria criado uma suposta possibilidade de atentado contra si próprio e o então governador Pedro Taques, para convencer autoridades policiais a “grampear” os telefones de Tatiane Sangalli Padilha e Caroline Mariano.
A primeira seria sua ex-amante e a segunda uma servidora da Casa Civil. Ele teria receio de que a ex-amante pudesse expor a relação.
O ex-secretário tentou incluir também o telefone do jornalista José Marcondes Muvuca na lista dos grampeados, mas autoridades se recusaram a fazê-lo.
O procurador-geral encaminhou cópia da decisão ao promotor de Justiça Reinaldo Rodrigues de Oliveira Filho, para avaliar a prática de improbidade administrativa, uma vez que os atos criminosos teria ocorrido quando Paulo Taques ocupava o cargo de secretário de Estado.
Delegadas
Antônio Borges decidiu ainda manter o arquivamento do inquérito policial contra as delegadas Alessandra Saturnino de Souza Cozzolino e Alana Derlene Sousa Cardoso, por não haver elementos probatórios de uma eventual prática criminosa da parte delas.
Contudo, também encaminhou cópia dos autos ao promotor de Justiça Reinaldo, para analisar a ocorrência de prática de improbidade administrativa, por elas terem, agindo sob influência de Paulo Taques, incluído os números dos telefones na lista de interceptações.
O procurador-geral entende que ambas, convencidas pelos argumentos de Paulo Taques e “na ânsia de apurar a suposta ameaça, utilizaram-se do caminho errado, afastando-se da devida lealdade ao Poder Judiciário e ao Ministério Público esperada de quem exerce o relevante cargo de Delegado de Polícia”.
Elas são acusadas de ter incluído os telefones das vítimas numa relação de telefones grampeados de outra operação policial, a Pequi/Querubim, que investigava as organizações criminosas Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital.
Agindo dessa forma, teriam induzido o Poder Judiciário e o Ministério Público a erro.
(Com assessoria)
LEIA TAMBÉM
Grampolândia: incoerência “gritante e escandalosa”, afirma procurador ao negar delação
Promotor suspeitou que Janaina mantivesse esquemas do pai, diz cabo
MP trata a Grampolândia Pantaneira com lentidão, diz presidente da OAB
Cabo Gerson pede novo interrogatório e julgamento dos grampos é adiado