O julgamento do médico Fernando Veríssimo de Carvalho terminou com a condenação do réu a 41 anos de prisão. O acusado foi sentenciado a 34 anos pela morte de Beatriz Nuala Soares Milano, de 27 anos, e a 7 anos pela morte da bebê que ainda era gerada pela vítima. O crime aconteceu em novembro de 2018, em Rondonópolis (a 212 km de Cuiabá).
A sentença foi proferida na noite dessa quarta-feira (10). Durante seu depoimento, Fernando voltou a negar a autoria do crime. O médico ainda tentou sustentar a versão de que Beatriz teria morrido por alguma causa natural, como por exemplo, o rompimento de um aneurisma vascular cerebral (AVC).
O crime aconteceu no dia em que o casal comemorava 10 meses de relacionamento. Nessa data, Fernando pediu Beatriz em casamento e ela aceitou. Os dois saíram para jantar e após retornarem para casa, a vítima foi agredida durante uma discussão.
“[…] ele teria matado a vítima com perversidade e torpeza, tendo ainda, depois dos fatos, tido a frieza de arrumar o corpo dela na cama do casal, permanecendo o resto da noite bebendo e assistindo TV até o amanhecer, quando ele anunciou o falecimento aos serviços médicos e às autoridades policiais, induzindo-os que teria sido uma morte natural, de maneira que fez o mesmo com a família da vítima”, destacou a decisão judicial, assinada pelo juiz Wagner Plaza Machado Junior.
Crime premeditado
Para o magistrado, Fernando premeditou o crime e Beatriz sinalizava o medo que sentia do parceiro. Isso porque a jovem aguardava a mãe para passar uma temporada em Rondonópolis e relatava ser vítima de violência psicológica e moral por parte do namorado.
O juiz pontuou ainda que, ao levar a noiva para jantar em um restaurante da cidade, divulgando fotos aos familiares, Fernando buscou criar um álibi forte para tentar afastar a motivação do crime e a sua participação.
Na avaliação da Justiça, o médico utilizou seus conhecimentos específicos na prática criminosa. Tanto é que, o perito oficial descreveu que foi difícil localizar as lesões e chegar à conclusão da causa da morte de Beatriz.
“Não foi um crime fugaz. O réu elegeu e pensou no instrumento a ser utilizado e como aplicar os golpes de forma a não deixar vestígios ou que os estes fossem mínimos”, afirmou o juiz.
Para a Justiça, a motivação do crime foi a insatisfação de Fernando com a gravidez da companheira.
Fixação das penas
O réu foi responsabilizado pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, fútil, emprego de recurso que impossibilitou a defesa da ofendida, feminicídio praticado durante a gestação e aborto sem o consentimento da gestante.
Pela morte de Beatriz, grávida de 4 meses, Fernando foi condenado a 34 anos e 8 meses. Com relação à bebê, Helena, o acusado foi sentenciado a 7 anos.
As penas devem ser cumpridas em regime fechado. A Justiça ainda negou a Fernando o direto de recorrer em liberdade da sentença proferida.
O acusado segue detido na Penitenciária da Mata Grande.