Política

Quais são as regras no projeto de lei que pode proibir a venda de peixes?

Proposta está sendo votada em trâmite urgente na Assembleia Legislativa e deve valer a partir de janeiro

4 minutos de leitura
Quais são as regras no projeto de lei que pode proibir a venda de peixes?
(Foto: Gecom)

As regras para pesca nos rios de Mato Grosso devem mudar a partir do próximo ano, e a pesca para estocagem e venda poderá ficar proibida por cinco anos. A restrição é proposta pelo governo com a justificativa de redução de peixes nos rios. 

O projeto de lei foi protocolado ontem (31) na Assembleia Legislativa, teve aprovação de análise em urgência, mas a votação já foi adiada duas vezes. Alguns deputados afirmam que as novas regras prejudicam ribeirinhos e beneficiam ressorts com programas de pescarias. 

O que diz o projeto de lei? 

A proposta muda critérios na lei estadual nº 9.096 de 2009, que cria a política de pesca. Os itens mais polêmicos são a reformulação das modalidades de pescas. A intenção do governo é proibir transporte, armazenamento e comércio de pescado. 

As regras estão no artigo 19-A do projeto de lei, e se forem aprovadas pelos deputados estaduais começam a valer em 1º de janeiro de 2024, pelo prazo de 5 anos. Há quatro normas propostas: 

  •  Durante o tempo de proibição, será permitido somente a atividade no modelo pesque e solte. Essa modalidade também ficará suspensa nos meses de piracema. 
  • Após o fim da proibição, continua a existir uma cota para o transporte, comércio e estocagem de peixes. A quantidade em quilograma será regulamentada pelo Conselho de Pesca (Cepesca). 
  • Durante a proibição, com exceção dos períodos reprodutivos, a pesca será permitida em quantidade para o consumo às margens dos rios ou local de subsistência. Os locais são hotéis, ranchos, pousadas, acampamento e  barranco de rios. 

Trâmite acelerado 

O deputado Wilson Santos (PSD) foi o primeiro a contestar a votação do projeto em regime de urgência.  Ele diz que o projeto de lei do governo não tem um estudo sobre o impacto da proibição no sustento de famílias ribeirinhas, que sobrevivem da pesca e venda dos pescados. 

“Esse projeto vai matar os ribeirinhos. Ele prejudica os pobres e beneficia os empresários com ranchos, resort, pousadas na beira dos rios. Inclusive, tem deputados aqui que são donos de pousadas, estão legislando em causa própria”, afirmou. 

O projeto foi protocolado ontem pela manhã na Assembleia e recebeu aprovação oral, durante a sessão, da Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Recursos Minerais, a liberação com tramitar em urgência.  

Porém, a votação tinha sido adiada para hoje por pedido de vista de Wilson Santos. Na sessão extraordinária dessa manhã, houve um pedido de vista coletivo e votação foi adiada novamente.  

Além das regras em si, deputados questionam a aprovação de trâmite em regime de urgência urgentíssima. 

Esse formato reduz a um 1/10 o tempo para análise e votação de projetos de lei na Assembleia Legislativa. Um projeto com trâmite normal teria 10 dias. A alegação é, se novas regras vão valer a partir de janeiro, há tempo suficiente para debate. 

Respaldo 

O governo afirma que projeto enviado para a votação dos deputados se baseia em um estudo encomendado pela Assembleia Legislativa em 2021. A intenção seria aprimorar a lei de pesca, com base nas recomendações desse estudo. 

A paralisação de pescas por 5 anos estaria inclusa dentre as recomendações. 

Segundo o governo, o estudo técnico aponta que o turismo de pesca é a principal alternativa econômica para os pescadores profissionais, com a geração de emprego direto. 

 A renda média de um pescador profissional em Mato Grosso é de um salário-mínimo. O projeto propõe auxílio financeiro para os pescadores profissionais nos três primeiros anos da proibição, com redução da mensalidade. No primeiro ano, se mantém o valor de um salário-mínimo (R$ 1.320); no segundo passa para R$ 660; e no terceiro, R$ 66. 

Quanto ao potencial turístico, 45 cidades têm condições para explorar a pesca turística. “Os peixes grandes são os maiores atrativos do turismo de pesca, o que faz com que a modalidade pesque e solte seja “um ciclo sustentável virtuoso”, disse.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
1
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
1
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes