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Poconé: roubo de gado foi ordenado de dentro do presídio

Luiz Felipe Gomes de Arruda disse em depoimento que era responsável pelo transporte, venda e rateio do lucro

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Poconé: roubo de gado foi ordenado de dentro do presídio

Luiz Felipe Gomes de Arruda, 28 anos, disse em seu depoimento, feito após sua prisão em flagrante, nessa terça-feira (22), que era responsável pelo transporte e venda do gado roubado, bem como partilha do lucro entre os mandantes, que estão dentro dos presídios de Mato Grosso.

O suspeito teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela juíza Kátia Rodrigues Oliveira, da Vara Única de Poconé, nessa quarta-feira (23), por volta das 23h. Na decisão, a magistrada alegou que todos os protocolos exigidos para a prisão foram cumpridos e que as investigações precisam caminhar muito, tendo em vista que o depoimento do acusado inclui relação com presidiários, compra ilegal de armas de fogo – uma delas registrada em nome da PM do Estado de Mato Grosso – e desencontro nos valores informados.

O suspeito, que é enteado do prefeito de Poconé, Atail Marques do Amaral, conhecido pelo nome político de Tatá Amaral (DEM), foi preso em flagrante nessa terça-feira (22) quando tentava negociar 130 cabeças de gado que foram roubadas da Fazenda São Clemente, em Rosário Oeste. A origem dos animais foi confirmada pela marca a fogo feito no couro dos animais.

Nos depoimentos da vítima, do acusado e dos policiais que atenderam a ocorrência, estabeleceu-se um entrelace complexo de relações e formas de agir. Luiz Felipe contou aos policiais que a participação dele no esquema era garantir o transporte, comercialização e, em seguida, fazer depósitos com a partilha do lucro entre os integrantes da quadrilha.

A organização, segundo ele, viria de dentro do presídio, por meio de um homem chamado J.J.S, que seria marido da mulher que também foi presa na ação policial, mas acabou liberada pela Justiça com o uso de tornozeleira eletrônica. Ele está preso por envolvimento com o tráfico de drogas e por integrar uma facção criminosa.

Desta forma, teria vindo de dentro do presídio a ordem para invadir a Fazenda São Clemente.

Segundo o caseiro do lugar, ele viu um carro se aproximar da porteira e quando chegou perto foi rendido por homens armados, que o mantiveram refém até o fim da operação criminosa.

Enquanto estava em cárcere, ele viu que dois caminhões boiadeiros – um de dois andares e outro simples – entraram na propriedade para fazer o transporte dos animais. Ao todo eram 130, entre vacas e bezerros, avaliados em R$ 500 mil – dado extraído do pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil.

A venda

Luiz Felipe relatou aos policiais que os motoristas do transporte dos animais foram contratados e pagos pelos comparsas que estão no presídio e que, quando ele foi abordado pela Polícia Militar, na noite de terça-feira (22), iria negociar os animais.

Os policiais chegaram até Luiz Felipe por meio de uma denúncia anônima e o encontraram próximo ao local marcado onde estavam os animais. Ele carregava consigo duas pistolas, sendo uma delas registrada em nome da Polícia Militar de Mato Grosso.

Em um extrato bancário apresentado por Luiz Felipe, foram identificadas retiradas e os valores apresentados por ele para venda dos animais e compra das armas não eram condizentes com os valores de mercado. Esta e outras incoerência levaram a juíza a apontar a necessidade de mais investigações na decisão que culminou na prisão preventiva.

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