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Mulher alvejada na UPA foi obrigada a tomar apenas dipirona para se recuperar

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Mulher alvejada na UPA foi obrigada a tomar apenas dipirona para se recuperar

Dayana Romao, baleada na UPA

Dayana diz que não recebeu sequer uma visita de representantes da secretaria de Saúde e que não tem previsão de receber alta

Mesmo convivendo com as sequelas de um tiro que lhe atravessou o pulmão, vinte oito pontos e uma infecção hospitalar, Dayana da Silva Romão, de 33 anos, ainda teve que suportar a dor de passar por tudo isso, por três dias, tomando apenas dipirona. A reportagem do LIVRE falou nesta sexta-feira (2) com Dayana, que disse estar decepcionada com as promessas de “cuidados” feitas pela Prefeitura de Cuiabá.

Há 16 dias ela estava na fila de espera da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Morada do Ouro, quando tomou um tiro no tórax. Ela foi levada ao Pronto-Socorro de Cuiabá, submetida a cirurgia e posteriormente internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital, onde ficou por três dias.

“Eu não tive a ajuda que a secretaria falou que haveria, não fizeram nenhuma visita para mim e minha mãe teve que brigar para me tirarem de lá”, contou Dayana. “Eu fiquei três dias na UTI, desci para a enfermaria e eles estavam me dando só dipirona em gotas, sendo que eu estava com 28 pontos e sentindo muita dor”.

A situação ficou ainda pior depois que os médicos anunciaram que ela tinha contraído uma infecção hospitalar. “Eu peguei essa bactéria no sangue e eles não me explicaram nada”, lamenta. Com a ajuda de sua patroa e da mãe, Dayana conseguiu ser transferida e está desde o dia 22 de fevereiro no Hospital Santa Helena.

Não há previsão de que ela receba alta, já que a infecção ainda está sendo tratada e Dayana permanece sob supervisão médica. Ela também tem que passar por processos de drenagem do pulmão, principal órgão atingido pelo disparo durante o tiroteio.

“Na hora eu só pensei que ele ia me matar mesmo, porque do jeito desesperado como ele chegou, eu senti que ele ia atirar em mim”.

“Eu vi o sangue”
Ao LIVRE, Dayana relembrou os momentos de tensão, quando foi atingida. Ela diz ter sido abordada pelo bandido quando saía da UPA. O homem – que ainda não foi identificado pela polícia – a enforcou com o braço direito e com o esquerdo manteve a arma em suas costas.

“Eu já estava indo embora, minha mãe estava sentada com a minha filha e eu em pé. Ele chegou muito rápido, me enforcou e disse que se não soltassem o bandido iria me matar. Na hora eu só pensei que ele ia me matar mesmo, porque do jeito desesperado como ele chegou, eu senti que ele ia atirar em mim”, relata.

O tiro veio antes de qualquer reação de Dayana, que naquela hora já tinha erguido os braços antes mesmo que o bandido pedisse. Depois de ser atingida, ela foi lançada ao chão, onde viu o próprio sangue escorrer do corpo e gritou desesperada.

“Eu gritava pela minha mãe quando vi o sangue e pedia para ela não me deixar morrer”, conta. Segundos depois é que o tiroteio começou e Dayana, prostrada e ferida, teve que ouvir os disparos até que tudo acabasse e o atendimento chegasse.

Ela e mais quatro pessoas foram vítimas da tentativa de resgate do detento José Edmilson Bezerra Filho, 31 anos, que está preso no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CCC).

A reportagem do LIVRE mostrou que Edmilson é apontado como um dos líderes do PCC em Mato Grosso e que não existe procedimento de segurança no atendimento de saúde a detentos.

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