Os estudantes do primeiro curso superior em artes cênicas do Estado, da MT Escola de Teatro, desembarcam em São Paulo para participar do Festival Satyrianas, organizado pela Cia Os Satyros. O evento chega a sua 19ª edição como um dos mais importantes e tradicionais circuitos culturais da cidade, reunindo mais de 600 atrações de artes cênicas, cinema, música e literatura, entre os dias 11 e 14 de outubro, na Praça Roosevelt.
A participação da instituição no evento reforça, portanto, a importância da instituição no cenário brasileiro. Na ocasião, os artistas mato-grossenses apresentam quatro peças autorais: “Pacto de Sangue”, “Cabaré Ahberração” e “Indivíduos” – trabalhos desenvolvidos nas aulas – e “Encardidos”, do grupo coletivo Atro, composto por alunos da Escola.
São montagens que dão visibilidade à resistência de populações geralmente marginalizadas, como os refugiados, os povos indígenas, a população negra e LGBTI+.
Montagens
“Pacto de Sangue” foi produzido traz um resultado de pesquisa sobre refugiados no Brasil. A dramaturgia, escrita por Airton Lacerda, reforça a busca por histórias que se perdem e que se encontram em meio às dificuldades em quem busca refúgio no país. A direção é de Maria Bertúlio e Juliana Graziela.
O elenco formado para se apresentar no evento conta com os atores André Ferreira, Donatello Almeida, Elton Martins, Juliana Graziela, Lucas Vinícius, Maria Clara Bertúlio e Rayra Túrel. O cenário e figurino é de Giorge Almeida, a sonoplastia de Jair Junior, a iluminação de Julio Rocha e a produção de Manoel Vieira.
O grupo Dicotômicos apresenta “Indivíduos”, peça criada a partir do diário de campo da indigenista Elis Correia sobre seus mais de 30 anos de vivência empírica com os povos originários do Brasil. A versão adaptada para participar do evento acrescenta as questões ligadas à representatividade negra, em versão que busca o valor das crenças artísticas e humanas.
“Cabaré Ahberração” têm como tema “corpos desviantes”, conceito que norteou as investigações artísticas dos estudantes nas montagens que se utilizam da estética performática do teatro. A peça apresenta a performance de sete atores que revelam histórias de corpos desviantes, gênero e sexualidade, incorporando a resistência dos corpos excluídos e que querem ocupar seu espaço.
Na mesma linha performático, “Encardidos” denuncia o racismo enraizado na sociedade e presente na vida daqueles cuja cor da pele é preta. Na peça, os artistas encenam um jogo de submissão e poder, sem cerimônia ao explorar todos os sentidos para recontar a história do povo negro a partir de seus próprios corpos.
MT Escola de Teatro
A dramaturgia é de Suelen Alencar e Airton Lacerda, com co-direção de Eloah Pimenta. O elenco conta com a participação dos Airton Lacerda, Danielle Souziel, Iara Rezende e Gizele Mesquita. A produção é de Daniel Viegas de Oliveira e Elis Correia, e a sonoplastia de Edilson Gabriel, Lysabeth Reis e Jair Junior.
A MT Escola de Teatro é uma polo de formação da gestão do Cine Teatro Cuiabá, em parceria firmada com a Secretaria de Estado de Cultura. Seu modelo artístico-pedagógico valoriza a multiplicidade das interfaces entre os campos do fazer e do refletir cênico.
O mesmo sistema desenvolvido pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap) desde 2009 e adotado na SP Escola de Teatro, em São Paulo; uma experiência formativa de reconhecimento nacional e internacional. Em Mato Grosso, os cursos são estruturados aproveitando-se dessa expertise, mas também reconhecendo e apreciando as necessidades locais, o contexto artístico do estado e os equipamentos culturais disponíveis.