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Irreverência é o combustível da trajetória da Velhas Virgens

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Irreverência é o combustível da trajetória da Velhas Virgens

Geandre Eleoterio

Velhas Virgens show Sinop

 

A banda Velhas Virgens, liderada pelo músico e escritor Paulão de Carvalho, já tem o seu público fidelizado. Em passagem por Sinop, onde realizou show no carnaval, Paulão relembrou a história da banda. Autointitulados “corajosos” pelo estilo polêmico, os músicos da banda se dizem apaixonados pelo ritmo cinquentenário que mudou costumes e gerações e com muita, mas muita sacanagem mesmo, a banda coleciona de apresentações no Lolapalooza ao bar de esquina, com shows performáticos e figurinos bem elaborados, inspirados no glam rock do início dos anos 70. 

Os títulos das canções são marcados pela irreverência, como a recém-lançada “Ninguém beija como as lésbicas” e os clássicos “Abre essas pernas”, “Mulher e o diabo”, “Hino da igreja mundial dos bêbados”, entre outros. Conheça um pouco mais sobre a Velhas Virgens!

Geandre Eleoterio

Velhas Virgens show Sinop

OL: De onde vem o nome Velhas Virgens?
Paulão: O nome veio de um filme do Mazzaropi, o penúltimo filme dele em 1981, que sempre buscou uma linguagem brasileira para o cinema. E a gente faz mais ou menos o mesmo, tocando rock’n roll, buscando o linguajar que está nos bares e nas ruas. E é por isso que a gente fala palavrão e outras coisas, mas de uma forma que se encaixa, que faz sentido, não só por falar.

OL: Como é o processo de criação das músicas?
Paulão: A maioria das letras são feitas por mim e pelo Cavalo (Alexandre Dias). O rock sempre foi um gênero musical divertido, o próprio nome rock’n roll é um termo em inglês para transar, então seguimos essa inspiração de diversão para as pessoas esquecerem os problemas delas, contando coisas da vida que todo mundo vive, churrasco, bebedeira, levar chifre, coisas do dia-dia. Basicamente, o que tentamos fazer é divertir as pessoas com uma linguagem diferente.

OL: Vocês gravaram uma música com Benito de Paula – um dos grandes nomes da música nacional dos anos 70 – como foi essa mistura?
Paulão: O nosso empresário é também empresário do Benito, que é um ídolo nosso – meu, especialmente. Desde moleque eu ouço as músicas do cara e nunca imaginei que poderíamos tê-lo, ainda mais tocando piano com a gente. O Benito ouviu umas músicas nossas e achou legal, e topou participar. O engraçado é que na hora da gravação o Benito acabou tendo uma dificuldade em acertar a letra, aí sugerimos para ele acompanhar a cifra e ele disse que não sabia ler, já que é autodidata. Todos nós ficamos impressionados com o talento dele, toca demais, foi uma honra poderosa, um cara que vendeu milhões de discos com uma carreira longa, e é uma pessoa maravilhosa.

OL: Umas das ações inusitadas foi a venda das calcinhas usadas da Ju. Como foi a receptividade do público e de onde veio essa ideia?
Paulão: Nós fizemos duas vezes financiamento coletivo para fazer disco. E com isso você oferece prêmios para os fãs. A calcinha era um dos prêmios que a pessoa poderia adquirir ao fazer uma doação para a gravação do novo álbum. A ideia deu tão certo que a calcinha era a coisa mais cara e foi o que vendeu primeiro. Além disso, tiveram fãs que participaram da gravação do CD, faixas em que eu dizia o nome deles, com mais de 800 participações.

A história de ser independente, na verdade, cria uma dependência de todo mundo como uma rede de amigos, e uma ligação poderosa com os fãs, porque sabemos que para continuar precisamos dessa ajuda. Já houve tempo que chegávamos em cidades em que não tínhamos camiseta da banda, aí os fãs faziam e davam para nós. Só que para manter essa parceria, você precisa dar coisas especiais para eles, originais. Quando não se tem muita grana, parentes ricos ou famosos, você tem que ter criatividade, e é isso que a gente faz. O engraçado é que demorou um pouco a entrega das calcinhas e algumas acabaram mofando.

OL: Nestes 30 anos de estrada, qual a coisa mais inusitada que aconteceu com vocês em show?
Paulão: O mais curioso é o medo que as pessoas têm das Velhas Virgens, talvez é um medo semelhante que as pessoas tinham nos anos 60 dos Rolling Stones, terror de que vamos pegar a sua filha. Eu lembro que uma vez nós tocamos em um concurso de beleza em um ginásio e ficamos no vestiário junto com as meninas que iam concorrer esperando começar. Os pais mandaram colocar uma corda para dividir a gente delas, com seguranças no meio, isso foi realmente muito estranho. Mas já aconteceu também de, em algumas cidades, não poder falar o nome da banda no rádio. Já aconteceu de juiz e delegado mandarem tirar faixas de divulgação da frente da casa de shows, enfim muita coisa.

OL: Nesse seguimento de levar coisas interessantes para os fãs, vocês criaram uma linha de cerveja da banda. Como tem sido a aceitação?
Paulão: Já vendemos mais de 100 mil garrafas de cerveja. A ideia surgiu quando o Tuca Piva, baixista da banda, se interessou em fazer cervejas artesanais. Quando as receitas começaram a ficar boas, achamos que seria um bom produto para disponibilizar aos fãs, então buscamos também uma parceria com uma cervejaria de Ribeirão Preto, a Invicta, que é uma cervejaria artesanal. A nossa cerveja se chama Rock’n Beer. São 6 sabores diferentes, uma em parceria com o filho do Chorão, que é uma Charlie Brown Junior. Todas as receitas são do Tuca.

Geandre Eleoterio

Velhas Virgens show Sinop

Irreverência é marcante na trajetória da banda

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