Passar horas esperando a chegada do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) foi a principal agenda para, pelo menos 3 mil pessoas, nesta terça-feira (19). O pessoal foi ao Aeroporto Internacional Marechal Rondon para acompanhar o mandatário em uma motociata que sairia dali. Mas quem eram essas pessoas que dedicaram um dia de semana comum em um evento político?
Getúlio Vaz de Melo, de 57 anos, chegou cedo à região do Aeroporto. Armou o varal onde pendurou várias camisas com a imagem ou o nome de Bolsonaro. Foram em torno de 10 horas tentando tirar um dinheiro extra, afinal, o vendedor sobrevive com auxílio do governo, desde que sofreu um acidente de moto há quase dois anos.
“Eu acompanho o Bolsonaro desde 2018 e eu viria ainda que ele estivesse aqui durante a madrugada. Quem está aqui hoje é patriota de verdade”, diz o vendedor que confessa que gostaria de ter vendido um pouco mais de produtos.
Mesmo próximo à saída do trajeto que seria percorrido pelo presidente, Melo não conseguiu ver o político. “Passou tão rápido e não estava de moto. Mas valeu a pena. Sempre que tiver evento dele, eu vou participar”, garante.
A organização do evento disse que a expectativa era de 5 mil pessoas. Segundo a Polícia Militar, duas mil motos e 3 mil pessoas estavam ali quando Bolsonaro chegou. Porém, Adavilso Azevedo comentou, momentos antes, que, por conta dos atrasos e pela questão do trabalho, muitos apoiadores precisaram ir embora.
A primeira informação divulgada pontuava que o presidente aterrissaria às 11 horas. Depois, mudou para as 13h30, mas o presidente chegou próximo das 16h.
“Se inscreveram 2.550 motos, já com relação aos carros não tivemos controle. Mas algumas pessoas tiveram que ir embora pois participariam durante o horário de almoço”, disse.
Vindos de longe
O empresário Andrey Ossucci, de 45 anos, veio de Lucas do Rio Verde (332 km de Cuiabá) para integrar o grupo de dois mil motociclistas que acompanhariam o presidente pelas ruas da Capital.
“Estamos aqui para apoiar o Bolsonaro e os valores que ele defende como a família, a religião”, afirmou.
Marioly Porco Masaby, de 33 anos, é boliviana e deixou de ir com a família para Chapada dos Guimarães (67 km da Capital), para poder participar do evento com o presidente.
Moradora de Santa Cruz, a mulher conta que trabalha em uma loja com a irmã e, agora, nesta semana, todos estão em uma miniférias, por isso vieram para Cuiabá.
Apoiadora de Bolsonaro, Marioly conta que pegou carona com um amigo para seguir na motociata.
“Queria um presidente desse para a Bolívia. Não que estejamos totalmente perdidos, se pensarmos com relação a Colômbia e Venezuela, mas poderia ser melhor para nós”, diz com relação ao mandatário boliviano, Luis Arce, integrante do partido Movimento ao Socialismo. “Se a esquerda voltar ao poder aqui, vai ficar bem complicado, muitos direitos serão perdidos”, acredita.
Expectativa frustrada
Maria Gildene da Silva Borges, de 38 anos, passou o dia todo observando o movimento no Aeroporto. Gerente de um restaurante no shopping que fica ali próximo, viu as pessoas chegarem e se organizarem para a vinda do presidente.
A mulher contou as horas para tentar ver Bolsonaro, mas não deu tempo. Quando saiu do trabalho, o político já tinha seguido para um de seus compromissos na Capital e não havia, sequer, sinais dos apoiadores ali na região do aeroporto.
“Ele já foi? Vi tudo o que aconteceu hoje, achei que daria tempo”, disse chateada, quando chegou ali por volta das 17h30.
A apoiadora avalia que Bolsonaro é a melhor opção para voto nas próximas eleições em outubro. “Ele pegou o país todo o bagunçado, por conta de um longo período. Precisamos dar mais uma chance, mais quatro anos. Temos que acreditar que a solução é ele”, argumentou.
Por conta do trabalho, a arquiteta e urbanista Natalia Rodrigues, de 25 anos, não conseguiu ir até a concentração para a motociata para acompanhar a chegada de Bolsonaro.
“Eu estava trabalhando e não consegui vir antes. Mas vi o carro passando com ele, na avenida da FEB. Foi muito rápido”, contou. “Agora, vou seguir para os outros lugares para tentar vê-lo de novo”, comentou enquanto esperava uma carona.
A jovem relatou que desde as eleições de 2018 tem acompanhado o político direitista e acredita que é importante se posicionar politicamente. “Precisamos, sim, nos posicionar, senão, alguém fará isso por nós”, disse.
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