Por meio de denúncias, uma equipe da Força Tática da Polícia Militar encontrou, nessa quarta-feira (24), um dos suspeitos de ter participado da chacina no dia 03 de novembro, em Várzea Grande, que deixou duas adolescentes e dois homens mortos e mais dois jovens feridos.
Donato Silva Nascimento, 24 anos, conhecido como Netinho, chegou a ter suas fotos divulgadas como participante da chacina. Nessa quarta-feira, uma denúncia anônima indicou que ele estava morando e vendendo drogas na Comunidade Figueiral, em Nossa Senhora do Livramento (40 km de Cuiabá).
Os policiais foram até a comunidade e encontraram o suspeito em frente a uma borracharia. Em seu bolso, foram encontradas três porções de maconha e R$ 100,00.
Conforme o boletim de ocorrência, Donato não quis fazer nenhuma declaração sobre a droga, mas, perguntado sobre a chacina, afirmou fazer parte da facção Comando Vermelho, mas que não tinha matado ninguém.
O suspeito foi encaminhado para a Central de Flagrantes de Várzea Grande. Ele já era acusado de um roubo a um frigorífico no dia 5 de setembro de 2018, e tem 11 registros de crimes, entre eles homicídio, tráfico de drogas, roubos e porte ilegal de arma de fogo.
O caso
A chacina aconteceu em Várzea Grande, na manhã do dia 03 de novembro, deixando quatro pessoas mortas (dois homens e duas adolescentes) e duas pessoas feridas (outros dois jovens). Segundo a Polícia Civil, as mortes teriam sido motivadas por rixa entre facções. Os assassinados seriam membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), e os suspeitos membros do Comando Vermelho (CV).
No mesmo dia, um dos suspeitos foi preso, Thalyson Thiago Taorda Oliveira, de 23 anos, e outros dois seguiram foragidos. Com a prisão de Donato, somente Luiz Fernando Oliveira Caetano Moreira (conhecido como Dumbo, ou Dumbão), segue foragido.
O ponto de partida da investigação que identificou os suspeitos foi a informação de que os criminosos usaram um veículo Sandero, de cor prata, na execução das vítimas fatais: Felipe Melo dos Santos, 25, Leandro Luiz de Oliveira, 20; e das adolescentes K.R., 16 anos, e L.T.M.B., 13 anos; e na tentativa de homicídios de dois jovens: V. S.S. 23, e J.S.P., 23).
Os quatro homens estavam dentro de uma casa na região central de Várzea Grande, local em que dois foram executados a tiros. As adolescentes foram encontradas mortas com as mãos amarradas e perfurações de arma de fogo, dentro do Rio Cuiabá, na região do Bairro Carrapicho.
O automóvel correspondia à informação que já era apurada pelos investigadores, sobre o modelo de veículo utilizado em roubos na cidade. O veículo pertencia a Thalyson Thiago.
Durante interrogatório conduzido pela delegada titular da Derf, Elaine Fernandes da Silva, o criminoso confessou os quatro homicídios e a dupla tentativa, com a ajuda de dois comparsas. Como motivação, afirmou serem membros de organização criminosa e receberam ordens de uma das lideranças.
Segundo o preso, a motivação está relacionada ao fato de as vítimas integrarem facção rival e terem cometido uma tentativa de homicídio na cidade de Tangará da Serra, há cerca de 30 dias, contra um integrante da facção deles.
Questionado sobre a morte das adolescentes de 13 e 16 anos, Thalyson afirmou que as garotas eram namoradas de dois rapazes (um que morreu e outro que sobreviveu). Ele contou que na noite anterior, usando o carro Sandero, sequestraram as menores, que estavam na rodoviária de Várzea Grande, e obrigaram as adolescentes a indicar a casa onde os jovens rivais estavam.
Pela manhã, foram até o local, na Rua Miguel Leite, Centro de Várzea Grande, e, encapuzados, tiraram o portão do trilho e invadiram a casa, surpreendendo as vítimas com dezenas de disparos com as armas de fogo, enquanto dormiam em um quarto.
Segundo o preso, os três somente pararam de atirar porque as munições acabaram e pensaram que todas as vítimas estavam mortas. Sobre o assassinato das adolescentes, o suspeito se recusou a informar as circunstâncias do duplo homicídio, mas um vídeo da execução chegou a circular nas redes sociais.