Já é quase consenso entre os analistas e cientistas políticos que, salvo um acidente de percurso, Jair Bolsonaro estará no segundo turno das eleições presidenciais deste ano. Com um índice consolidado em torno de 20%, bem acima de todas as outras candidaturas, ele passou incólume nos três testes que julgavam que seria abatido: a entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura; a entrevista de quase três horas na GloboNews e o primeiro debate com todos os presidenciáveis na Band. Saiu ileso, para desespero dos seus adversários diretos.

[featured_paragraph]O debate serviu para reafirmar o que muito já se sabia. Álvaro Dias, que desidrata a cada dia no Sul, seu reduto eleitoral, tentando convencer Sergio Moro para ser seu ministro da Justiça. Diz que vai institucionalizar a Lava Jato, como uma tropa de elite do combate à corrupção e prometendo refundar a República. Poucos entenderam seus argumentos.[/featured_paragraph]

Alckmin prometeu tudo de novo: abrir a economia, desburocratizar, desregulamentar, apoio à reforma trabalhista, e, na resposta aos ataques de que foi alvo, pela sua aliança com o “Centrão”, disse que, em razão dela – imaginem – é que poderá realizar todas as reformas graças ao apoio que terá no Congresso. Risível!

Bolsonaro mostrou que não tem muito a falar, além de armar a população, a defesa da família, com Deus acima de tudo. Economia ele terceirizou por completo às ideias do economista, hoje seu guru, Paulo Guedes. Prometeu criar pelo menos duas unidades de escolas militares em cada estado e, se não ganhou voto, também não perdeu.

Marina afirmou que melhoraria tudo sem apresentar qualquer proposta. De concreto, apenas que qualquer mudança na lei do aborto, com a qual ela concorda, somente seria possível através de plebiscito

Ciro focou sua fala no desemprego e na solução da inadimplência dos brasileiros hoje cadastrados no SPC. Disse que vai resolver isso. Serão necessários 83 bilhões que ele não disse de onde tiraria, mas que daria um grande impulso à economia e a restauração do poder de compra de parcela tão significativa da população.

Meirelles, com ares de professor de Deus, disse ser o único responsável pelas melhorias na economia brasileira desde Lula. Só ele entende do assunto, os demais, não sabem nada.

Lula, que, embora pré-candidato, foi impedido de participar do debate por ser ficha suja – condenado em segunda instância pelo TRF-4, e, consequentemente impedido de participar das eleições, parece não desistir, embora a estratégia de seus advogados já mostrem claramente estar “fazendo água”. Senão vejamos: A única chance de Lula participar do pleito é ter a sua condenação pelo TRF-4 anulada e isso só seria possível através de recursos ao STJ ou STF. No STJ, seria preciso encontrar algum erro jurídico dessa condenação, coisa que até agora não ocorreu nem parece que ocorrerá. No STF seria necessário anulação da mesma sentença por inconstitucionalidade. Nada disso tem chance de prosperar.

A defesa de Lula quer Lula na propagada eleitoral que começa dia 31 próximo. Mas já sabe que corre um risco danado, pois o TSE não parece aceitar registro de candidatura tão flagrantemente ilegal e que poderia, pelo prazo do julgamento dos recursos, criar um grande impasse institucional. Se a foto de Lula for colocada nas urnas, mesmo que ele ganhe a eleição, e o registro for – e com certeza, será – indeferido, todos os votos da chapa serão nulos, não vão para o vice, e o partido fica fora do segundo turno. A irresponsabilidade não chegará tão longe, tenho certeza.

O desastre para o ano que vem já está anunciado: apenas 0,2% do PIB poderá ser utilizado para investimentos pelo governo federal. Aqui, na terra de Roberto Campos, cuiabano e pregador incansável do liberalismo, as coisas podem ser piores, ou seja, investimento zero. A má gestão do governo atual, que não aceita de forma alguma fazer um “mea culpa”, até para servir de mote para a campanha que começa, dizendo que reconhece que errou, mas aprendeu com seus erros e fará, doravante, de forma diferente. Não! Pedro Taques continua falando e pregando ao deserto, como se tivesse feito o melhor governo da história e a culpa dos mal feitos tem origem em Pedro Álvarez Cabral e agravou-se infinitamente no governo Silval Barbosa.

[featured_paragraph]A batalha já está definida. Três são os candidatos com chance: Mauro Mendes, José Pedro e Wellington Fagundes. Os demais, apenas para marcar espaço. Já está, também, escrito nas estrelas que Pedro e Mauro tentarão aniquilar um ao outro. É o ódio do ex-amigo e correligionário que se aflora sob o nome de traição dos dissidentes, pois, na verdade, todos são mais do mesmo, agora em palanques diferentes.[/featured_paragraph]

Wellington que está neste momento em último lugar na corrida eleitoral, sonha que a guerra fraticida entre Zé Pedro e Mauro, termine por aniquilar um e atingir duramente o outro durante o primeiro turno. O que restar, na visão dele, estará tão arrebentado, com o povo tão cansado das baixarias eleitorais promovidas por eles que ele, Wellington, aquele que não gosta de briga, que é bonzinho, que representa a verdadeira oposição ao governo atual, mesmo sem tê-la exercido, surgirá montado em um cavalo branco para salvar este Estado, quase também aniquilado.

De qualquer maneira uma coisa já é certa: a campanha começará pelos debates e pela propaganda eleitoral e com a apresentação dos Planos de Governo. As mesmas promessas de soluções para saúde, segurança, educação e transporte. Até ao VLT será dada uma solução. Soluções já prometidas no passado e impossíveis de serem cumpridas. O pior de tudo é que o eleitor não vai querer ir às urnas, ou votará nulo ou em branco. Será cúmplice da catástrofe que poderá acontecer. Perderá, pois, pela não participação ou omissão, o direito de reclamar.

*Ricarte de Freitas
Advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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