A redução na cobrança de ICMS sobre a gasolina e o diesel, anunciada nesta terça-feira (28) pelo Governo de Mato Grosso, não fará diferença no bolso do consumidor. A tendência é que o valor que será retirado seja encoberto por alterações na composição do preço final dos produtos.
O governo propõe reduzir o ICMS da gasolina de 25% para 23% e, do diesel, de 17% para 16%. Em moeda, a desoneração representa um corte de R$ 0,36 e R$ 0,06, respectivamente.
“Isso não vai fazer diferença no bolso do consumidor, vai passar praticamente imperceptível. O ICMS nunca foi o vilão no preço do combustíveis, que tem uma política mais complexa. Em outras palavras, não depende mais do Estado do que de outros fatores”, diz o mestrando em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Fernando Henrique da Conceição Dias.
Ele explica que a paridade ao preço internacional (PPI) – uma política praticada pela Petrobrás – é que tem o maior peso na variação dos preços dos combustíveis. O modelo seria o responsável pela alta de 25% de janeiro a agosto, no caso do diesel, e de cerca de 40% para a gasolina.
E a revisão de 9% para o diesel também anunciada ontem (28) pela Petrobrás pressiona mais ainda a inflação, com provável impacto nos alimentos nas próximas semanas.
“Cerca de 60% do transporte rodoviário no país é feito com diesel, ou seja, o preço de abastecimento para o caminhoneiro vai subir. Isso vai pressionar o frete e estourar nos alimentos”, afirmou.
Outro fator que coloca maior controle nas mãos da estatal é a capacidade de refino. Cerca de 90% da indústria são vinculadas à Petrobrás.
Os gringos na Petrobrás
O governador Mauro Mendes (DEM) reconheceu que os cortes propostos por ele não vão aliviar o bolso dos condutores. E também apontou ser preciso uma mudança na política da Petrobrás para parar a escalada de preços.
“40% do lucro da Petrobrás são para acionistas estrangeiros, o dinheiro da alta do lucro da empresa está indo para o bolso dos gringos”, disse.