A prisão do cabo da Polícia Militar Gerson Luiz Ferreira Corrêa Junior foi mantida em audiência de custódia realizada na tarde deste sábado (20), no fórum de Cuiabá. O militar é apontado como uma das principais peças do esquema de interceptação telefônica ilegal, conhecido como Grampolândia Pantaneira.
A unidade em que o cabo Gerson deve cumprir a prisão, de acordo com o advogado Neyman Monteiro, ainda não foi definida. Por ser policial militar, ele deve ficar detido em algum batalhão da Polícia Militar.
Gerson foi preso nesta sexta-feira (19) após determinação do juiz em substituição legal da 11ª Vara Militar de Cuiabá, Wladmir Perri. A prisão ocorreu porque o militar descumpriu medidas cautelares.
Foi comprovado nos autos que o réu burlou determinação judicial ao participar de uma festa em uma boate, localizada na avenida Miguel Sutil, em Cuiabá.
Decisão
Na decisão, que determinou a prisão do policial militar nesta sexta-feira (19), além de destacar que o cabo faltou com a verdade perante a Justiça, pois em um primeiro momento ele negou que tinha ido à boate, o juiz Wladmir Perri enfatizou que o comportamento do cabo Gerson é de total descrédito.
“Não merece qualquer credibilidade, ou seja, o descrédito é total, ao ponto de se poder concluir que tem uma personalidade distorcida, o que oferece sérios riscos à sociedade, e principalmente para apuração dos fatos, o que, por si só já justificaria a decretação da prisão preventiva”, destacou.
O magistrado ainda pontuou que o réu não respeitou a determinação do Poder Judiciário. “O representado não tem respeito nem pela instância superior, ou seja, pelo Tribunal de Justiça, pois foi essa instância que lhe concedeu a liberdade e mesmo assim sob o pretexto de uma briga conjugal, resolve então ir com amigos da família, e aí entenda, já virando festa resolve curtir a noite cuiabana”, acrescentou.
O juiz Wladymir Perri deixou claro que a decisão tem feito de mandado de prisão e determinou que sua publicação no sistema eletrônico deveria ocorrer após a captura do réu.
“Justamente para evitar a fuga do representado, já que nem com o uso de tornozeleira o representado respeita a justiça, imagina se tomar conhecimento da presente decisão”.
Na Grampolândia Pantaneira, Gerson é apontado como um dos principais operadores do esquema de grampos ilegais, que ocorreu em Mato grosso. Ele foi o último dos cinco réus a ser solto.
O caso
O esquema de grampos ilegais foi denunciado pelo promotor de Justiça Mauro Zaque à Procuradoria Geral da República (PGR), à quem afirmou que o governo do Estado tinha conhecimento sobre as escutas ilegais instaladas em Mato Grosso.
Inicialmente, o pedido de interceptação telefônica foi autorizado pela Justiça Estadual, mas teve a finalidade alterada depois que número de pessoas sem envolvimento em crimes terem sido incluídos – uma manobra chamada de barriga de aluguel.
Depois de ter alertado o governador Pedro Taques, Zaque procurou a PRG, em janeiro de 2017. O escândalo veio à tona após uma reportagem veiculada pelo Fantástico, em maio de 2017, na qual o promotor reafirma as denúncias.