Certas vez me falaram que no inferno há todas as virtudes, exceto a humildade. E que por outro lado, no céu há todos os pecados, menos o orgulho.
E esse é o pecado de Walter White!
Breaking Bad é de longe a minha série favorita. É uma obra primorosa do começo ao fim, então, por favor, assista se ainda não o fez.
Quero trazer apenas um elemento da série para discussão: o orgulho do protagonista.
Para quem se lembra, Walter é um químico de grande inteligência, mas que por vários motivos acabou se tornando professor escolar, enquanto viu seus colegas enriquecerem e montarem empresas bilionárias. Temos aí o cenário perfeito para o ressentimento, mas a “cereja do bolo” acaba sendo a descoberta de um câncer de pulmão.
Uma mudança psicológica profunda acontece no personagem. Cada nova escolha afeta não só a sua vida, como a da sua família, amigos, e como veremos mais à frente, de toda a cidade.
Só que no meio do processo “sem volta” para se tornar Heisenberg, houve um momento no começo da série que poderia ter encerrado a história. O seu amigo e ex-sócio, – que é bilionário – se oferece para pagar o tratamento inteiro.
Pronto, se ele tivesse aceitado, não haveria mais série. Mas não foi essa a história.
Ele escolheu o caminho mais difícil. O caminho que trouxe dor e morte. Porém, o quanto de Walter White não temos em nós? Os vícios do protagonista só serão válidos se conseguirmos enxerga-los nas nossas próprias vidas. Só que enxergar o erro alheio é muito mais fácil. Talvez seja das coisas mais fáceis de fazer. Enxergar o próprio erro é que demanda esforço.
Somos convidados diariamente a um exame de consciência: “Tenho sido orgulhoso? ”?
É uma bela pergunta de se fazer.
Qualquer boa ação pode ser manchada pelo orgulho. Ele tem o poder de perverter até a mais nobre das ações. Aí que mora o seu perigo. Por isso nos foi dito que nossa mão direita não deve saber o que a esquerda dá. Do contrário, estamos sempre a um passo desse terrível vício.