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Nada de encontro casual: grupo cuiabano no Tinder quer mais é amizade

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Nada de encontro casual: grupo cuiabano no Tinder quer mais é amizade
Grupo de Tereré e Piquenique UFMT/ Arquivo Pessoal

Imagine que você está pelo Tinder e se depara com um perfil diferente, que se conceitua como um grupo de amizade. Pode parecer bastante inesperado e até fora da proposta da plataforma de relacionamentos amorosos, mas esse perfil existe, sim nos arredores de Cuiabá, e nasceu em uma outra circunstância.

O coletivo foi inserido estrategicamente entre outras pessoas que estão principalmente, em busca de encontros casuais, para ampliar sua rede de contatos e “pescar” quem quer mesmo é uma conversa boa e laços mais fraternos. Ou seja, para provar que sim, é possível arrumar amigos no Tinder!

“Lá acabamos achando todos os tipos de pessoas, com perfis diferentes. Nosso grupo virou uma ‘mistureba’ de sotaques, manias, personalidades e umas histórias nada a ver”, brinca Kamylla Queiroz, integrante do grupo.

A ideia de levar o grupo criado no ambiente acadêmico da Universidade Federal de Mato Grosso para o Tinder, foi dos administradores Nayara França e Tiago Barbosa. Assim como tudo relacionado ao grupo, o perfil também é gerenciado coletivamente, alternando as demandas entre os administradores.

No começo, alguns membros acharam que essa proposta não funcionaria e que destoava por se tratar de gente em busca de amizade sincera. Mas tudo fluiu tranquilamente. Antes de integrar as pessoas que dão match com o perfil coletivo, os administradores conversam primeiro para ter certeza de que os interessados não têm más intenções, lembrando sempre que o foco do grupo é apenas amizade. Ainda segundo Nayara, se mesmo depois de passar por essa peneira, o propósito de quem entra no grupo não for amizade, a pessoa é removida.

“Como queremos um grupo ativo, sempre convidamos todos, principalmente novatos, a participar.  Quando notamos que a pessoa não participa das conversas, dos encontros e nem faz questão do mesmo, comunicamos e banimos, porque o foco é o contato pessoal” complementa Kamylla.

Confraternização de fim de ano do grupo / Arquivo Pessoal

Para conectar pessoas

O perfil coletivo no Tinder nasceu do Tereré e Piquenique UFMT, como é chamado o grupo que surgiu em maio de 2015, criado pelo estudante Vinícius Ormond. A ideia dele era reunir todas as tribos da universidade, agregando alunos de todos os cursos, gostos e vibes. O grupo foi criado e divulgado na página de maior acesso entre os estudantes da UFMT.

Os membros se reúnem aos fins de semana, durante a tarde, alternando entre sábado e domingo, na Praça do RU, na UFMT, para tomar tereré, jogar vôlei ou baralho, conversar, e, claro, fazer piquenique. Qualquer pessoa é bem-vinda, desde que respeite as regras de convivência. Por agregar pessoas de diferentes opiniões e crenças, a palavra de ordem do grupo é respeito. Bebidas alcóolicas e drogas são proibidas nos encontros, bem como o compartilhamento de pornografia nos grupos de Facebook e Whatsapp.

Para garantir a boa convivência e o bem estar de todos que procuram o Tereré e Piquenique, uma estrutura organizacional foi montada. Além do criador, o grupo conta com mais quatro administradores. Tiago Barbosa, é um deles e conta que logo de cara, muitas pessoas compraram a ideia e apareceram no primeiro encontro do grupo.

“Normalmente as pessoas ficam meio assim, achando que não é sério a ideia do grupo para amizades e tal, ou imaginam que é uma bagunça. Mas aí, a gente explica, que é só uma reunião para jogar e tomar tereré”.

No começo, a maioria das pessoas que apareciam eram calouros da universidade, ou pessoas que se mudaram há pouco tempo para Cuiabá. É o caso do Brendo Lima, outro administrador do grupo.

“Me mudei para Cuiabá para estudar na UFMT em 2017, não conhecia ninguém por aqui. Depois de uns 2 meses na cidade através do VNMES (página no Facebook agregada ao grupo) conheci o grupo. Quem tem objetivos de fazer amizades e conhecer novas pessoas ajuda bastante.”

Agora, o grupo reúne pessoas de tudo quanto é lugar. No fim das contas, a sigla da universidade agregada ao nome do grupo, serve apenas como uma identificação do local onde se juntam.

“Eu mesma não sou da UFMT. Entrei no grupo há cerca de um ano, pelo Tinder” conta Kamylla Queiroz, membro do grupo.

        

Um dos membros do grupo tem um clube, que o pessoal sempre frequenta / Arquivo Pessoal

Intermediação

Apesar de todo o senso de amizade e coletividade, o Tereré e Piquenique nem sempre vai assim, “às mil maravilhas”. Hoje o grupo soma 50 membros, considerando a rotatividade. Agregar tantas pessoas diferentes juntas, pode levar a alguns conflitos.

“Sempre que tem alguma coisa mais complicada, que pode se tornar um problema ou já se tornou, a gente sempre indica falar com algum dos administradores, para que a gente possa falar no grupo, para pararem ou para respeitarem”, explica Nayara.

Outro fenômeno comum, é a formação de pequenos grupos dentro de um conjunto maior. Não é diferente no Tereré e Piquenique. É inevitável que algumas pessoas fiquem mais próximas de outras, e os membros contam que às vezes, quando esses pequenos grupos se reúnem separadamente, rola ciúme e até algumas indiretas no grupo.

Entre churrascos, sessão de cinema, e outros rolês menores que possam acontecer, todos os administradores concordam entre si, que aniversário é um evento mais íntimo e então, é normal não convidar o grupo inteiro, só as pessoas mais próximas. A recomendação, nesses casos, é que a galera do rolê separado não fique mandando fotos no grupo, para evitar brigas. A intervenção dos administradores nas desavenças, depende do propósito.

“Quando é algo que envolve todos e está incomodando, a gente interfere e fala com as pessoas. Quando é algum assunto pessoal, birra interna, pedimos para resolverem entre si e não jogarem os problemas para nós”, comenta Brendo.

 

Aniversário de 3 anos do grupo / Arquivo Pessoal

Parceria

Entre idas e vindas, bons e maus momentos, o grupo de amizade está prestes a completar 4 anos de existência. Uma das “provas de fogo” foi o período eleitoral passado, um momento propício para surgimento de discussões. As divergências e brigas rolaram, até que surgiu a necessidade de proibir falar sobre candidatos no grupo.

Em contrapartida, os administradores destacam que um dos melhores momentos do grupo foi a comemoração de 3 anos, que mobilizou o empenho de todos os membros em fazer algo diferente, mesclando os integrantes velhos e os novos. Foi uma festa de respeito, com direito a bolo e brigadeiro.

“A confraternização foi bem legal, tiveram algumas mensagens de agradecimento, achei muito lindo. E convivendo em grupo, a gente começa a reparar mais nas pessoas, e diferenciamos as boas tanto de energia quanto de alma, das ruins. Eu fiz amigos de verdade, ali”, finaliza Kamylla.

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