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“Minha irmã morreu por descaso e negligência médica”, desabafa vereador

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“Minha irmã morreu por descaso e negligência médica”, desabafa vereador

Divulgação

UPA irmão de vereador Sinop

Ivonete Firmino: ela pode ter sido vítima de erro médico

Sexta-feira passada (02), Ivonete Firmino da Rocha, 40 anos, deu entrada pela última vez na Unidade de Pronto Atendimento 24 horas de Sinop, falecendo no local horas depois do atendimento. Isso porque ela já tinha estado outras duas vezes buscando o atendimento no mesmo local. De acordo com o vereador e irmão de Ivone, Adenilson Rocha, ela foi vítima de negligência médica pela rede de saúde do município.

“Na primeira vez que ela deu entrada na UPA, foi atendida por um médico cubano, que fez o curso na Venezuela, e sequer conseguia se comunicar corretamente em português, dando a entender que ela teria algum problema no pulmão, algo como embolia, mas pediu exames e a liberou. Sem conseguir melhora no quadro, ela retornou à UPA e foi atendida por outro médico que já estava de plantão há mais de 36 horas e, novamente, foi citado que ela poderia ter uma embolia, que era sério e que precisava de exames e, mais uma vez, foi liberada”, explicou o vereador.

A história vai ficando cada vez mais complicada. O parlamentar conta ainda que, com o pedido de exames em mãos, a filha da vítima foi até a regulação do município para realizar a marcação. Foi somente neste momento que o médico da regulação teria visto o pedido e a discrição do caso e então orientado o rapaz a levar a mãe com urgência para uma unidade hospitalar, porque o caso parecia ser muito grave.

“Meu sobrinho veio correndo, pedimos para ela se arrumar o mais rápido possível, mas na hora de entrar no carro ela começou a passar muito mal novamente. Demos entrada na UPA, ela ainda estava viva, mas foi questão de minutos para morrer. Agora, penso eu, se o primeiro médico tivesse dado o diagnóstico correto e minha irmã continuasse internada, recebendo o atendimento adequado, teria tido muito mais chances de sobreviver”, declara, inconsolável.

Após o ocorrido e o luto, Adenilson começou a coletar informações a respeito dos atendimentos que, de acordo com ele, foi negligenciado.
“Nós já verificamos diversas irregularidades, tanto na atuação médica – como o fato de um deles dizer ter especialidade e não ter – quanto nas horas excessivas de plantões, o que com certeza, interfere na qualidade do atendimento oferecido à população. Desta vez foi minha irmã, mas quantas pessoas não estão sujeitas a esse tipo de erro todos os dias?”, questionou.

Erro anterior
O histórico médico de Ivonete Rocha não começa com o erro ocorrido na UPA. Na verdade, a família explica que há cerca de 60 dias, ela teria sofrido um acidente de moto e quebrado a tíbia, sendo operada no Hospital Regional.

“Depois, ficamos sabendo que ela deveria ter tomado anticoagulante durante a cirurgia, e isso não aconteceu. Se tivessem receitado para ela uma AS infantil – tipo de medicamento acessível para controle de coagulação no sangue – talvez não estaríamos hoje em luto”, explica Adenilson.

O irmão da vítima conta ainda que ela nunca se recuperou totalmente da cirurgia, chegando aos outros atendimentos errôneos, até o óbito. “Uma coisa foi puxando a outra e ninguém dava atenção às reclamações e dores que ela sentia. Nós relatamos todo esse histórico médico nos outros atendimentos, mas parece que estávamos falando com paredes, não com pessoas que podem salvar vidas”, desabafou.

O então vereador diz ainda que vai buscar justiça até o fim por Ivone Rocha, que deixou três filhos, porque lutar por essa situação pode salvar outras vidas.

“Essa não é a primeira vez que minha família sente essa dor por erro médico. No ano de 2000, eu perdi uma outra irmã em uma mesa de cirurgia porque o médico não se atentou que ela era diabética e não podia tomar aquele tipo de anestesia. Até quando minha mãe vai ter que sentir a dor da perda de um filho por negligência? Não vou deixar que isso se repita”, finalizou.

Outro lado
O subsecretário municipal de Saúde, Gerson Danzer, solicitou que o coordenador administrativo da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social do Centro Oeste (ADESCO), Luiz Carlos Lauer, abra uma sindicância para apurar a morte da paciente Ivonete Firmino da Rocha, que morreu na última sexta-feira na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O Conselho Municipal de Saúde também foi acionado para acompanhar o caso.

Consta no documento que também está sendo sugerido ao conselho médico da unidade que “avalie o caso em concreto para apuração de possível infração ética e outras irregularidades e que apresente o relatório para que seja encaminhado aos órgãos de controle como o Ministério Público Estadual e Conselho Regional de Medicina (CRM)”. De acordo com o atestado de óbito, Ivonete morreu por tromboembolismo pulmonar.

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