A previsão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que a população de idosos em Mato Grosso quase dobre nos próximos 10 anos. Segundo os dados, o número de pessoas com mais de 65 anos passaria de 269.982 para 439.276.
Um aumento que segue crescente, tanto em relação à quantidade, como a participação do grupo diante do total de indivíduos em solo mato-grossense. Enquanto em 2021 eles representam 7% do total de habitantes do Estado, em 2031, eles chegarão a 11%.
E este crescimento será um grande desafio para os gestores públicos, que já “pedalam” em relação às questões de saúde. Ainda mais agora, quando as mudanças seguem uma aceleração que beira a instantaneidade.
Professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Reinaldo Gaspar afirma que o Sistema Único de Saúde (SUS) é perfeito dentro de sua concepção, porém o resultado efetivo para a população esbarra na má gestão em todas as esferas.
Uma situação que foi ainda mais impactada pela Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 241/55, que limita dos gastos públicos em vários setores, entre eles a Saúde e a Educação.
O resultado são unidades sucateadas, a falta de investimento em inovação e profissionais sobrecarregados. Gaspar argumenta que um médico do Programa Saúde da Família, por exemplo, teria que atender no máximo 3 mil pacientes mas, em alguns postos, chega a ter 10 mil, o que impede um tratamento individualizado ou qualquer tipo de acompanhamento.
No âmbito de gestão, o professor explica que em todas as esferas – Federal, Estadual e Municipal – existem problemas. As ações pactuadas não são executadas, as decisões dos conselhos de Saúde não são acatadas e a política sobressai o que é emergência.
“Não vemos se usar a política para a Saúde, mas sim, se usar a Saúde para política”, lamenta o professor.
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Dentro desse cenário caótico, o idoso está cada vez mais sem acesso aos serviços de saúde essenciais, uma situação que piorou por conta da pandemia, tendo em vista que faltam medicamentos de uso contínuos e as centrais de regulação estão atuando apenas nos casos de emergência, deixando os demais na espera.
Não existe a cultura do cuidado
O professor explica que a diferença entre o Brasil e os países que apresentam uma maior expectativa e qualidade de vida aos idosos está também nas ações preventivas como alimentação, atividades física e lazer.
São questões que estão desaparecendo com os novos conceitos de valorização das questões econômicas em prol das pessoas. Um posicionamento diferente dos presentes nos países da Escandinávia e até mesmo em Portugal, por exemplo, onde se vive mais e melhor.