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Inflação é o maior desafio do ano para 83% dos donos de bares e restaurantes

Especialistas apontam que a inflação pode prejudicar a recuperação de algumas empresas que começaram a se reerguer no pós-pandemia

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Inflação é o maior desafio do ano para 83% dos donos de bares e restaurantes
Imagem ilustrativa

A flexibilização das regras de combate à covid-19 em todo o país não têm melhorado de maneira consistente o ambiente de negócios para donos de bares, restaurantes, lanchonetes, café e toda a cadeia do food service. Isso porque o fantasma da inflação voltou a assombrar o setor. Para 83% desses empresários, esse será o maior desafio a ser enfrentado este ano.

Os dados são da nova pesquisa da série covid-19, realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), pela consultoria Galunion, especializada no mercado food service, e pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB).

A pesquisa foi realizada entre os dias 17 de março e 7 de abril com 817 empresas de todo o país e de diversos perfis (de redes a independentes), que representam cerca de 14 mil lojas.

Inflação acima dos dois dígitos

A preocupação com os custos da operação está fundamentada nos números oficiais. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou 1,62% em março, após alta de 1,01% em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foi a maior taxa para o mês de março desde 1994, antes do Plano Real, e a maior inflação mensal desde janeiro de 2003 (2,25%). Com o resultado, já são 7 meses seguidos com a inflação acima dos dois dígitos.

Entre os grupos pesquisados pelo IBGE, alimentos e bebidas foi o de maior impacto no mês passado, com alta de 2,42%, mais que o dobro do segundo colocado, habitação, que subiu 1,15%. A alta é puxada em boa parte pelo reajuste dos combustíveis (6,95% em março e 27,48% nos últimos 12 meses).

“A inflação certamente é o maior desafio do setor para 2022, pois seu impacto é duplo, seja nos custos diretos como aluguel, custo de mercadorias vendidas e outros, mas também no passivo das empresas, pois os recentes financiamentos feitos pelo setor na pandemia, como o Pronampe, certamente serão corrigidos com a pressão também sobre os juros”, afirma Fernando Blower, diretor executivo da ANR.

Recuperação ameaçada

(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Segundo Blower, a inflação pode até mesmo prejudicar a escalada de recuperação de algumas empresas que já começaram a melhorar o ambiente de negócios, sobretudo com o movimento no fim de 2021 e começo de 2022.

De acordo com a pesquisa, de fato houve uma melhora no endividamento. Se na anterior, realizada em novembro, 55% dos empresários se declaravam endividados, este percentual agora é de 41%.

Entre os que ainda afirmam estar endividados, 15% devem demorar mais de 3 anos para quitação. 11% disseram que devem levar de 2 a 3 anos para pagar essas contas e 23% de 1 a 2 anos.

Outro dado que preocupa diz respeito ao faturamento das empresas. 60% afirmaram que faturaram em fevereiro de 2022 igual ou abaixo da receita de fevereiro de 2019, um ano antes da pandemia.

De volta ao normal?

A pesquisa quis saber ainda sobre a retomada de consumo por parte dos clientes. Na pesquisa de novembro de 2021, apenas 34% responderam que os consumidores já haviam retomado os hábitos de consumo de antes da pandemia. Agora, esse percentual é de 51%.

Para Paulo Camargo, presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB), a pesquisa mostra que a quantidade de consumidores que estão retomando os seus hábitos de consumo vem aumentando de forma gradual, o que leva a ter expectativas positivas nesta questão.

“Um ponto significativo é a atenção ao food service dentro dos canais digitais e a constante demanda na qualidade das operações de delivery. A pandemia acelerou essa tendência e agora os operadores devem estar mais atentos e se estruturarem para atender esse canal”, complementa o executivo.

Segundo Simone Galante, CEO da Galunion e responsável pela pesquisa, é possível verificar que há uma renovação nas operações e cardápios, além da chegada de novos negócios ao mercado, muitos ancorados em marcas digitais e na digitalização do setor.

“Os dados revelam que 89% dos ouvidos operam com delivery, e que 71% consideram este canal lucrativo. Outras ações também englobam as estratégias dos estabelecimentos, visando o aumento das vendas, como lançar produtos com novos sabores e texturas, com 57% das intenções, focar em promoções, ofertas do dia e ações de valor, com 52%, lançar produtos sazonais, frescos ou artesanais, representando 27%, e lançar produtos gostosos e indulgentes, para 26%”, finaliza.

(Da Assessoria)

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