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Hospital Santa Casa recebe denúncias de superfaturamento

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Hospital Santa Casa recebe denúncias de superfaturamento

A Santa Casa de Cuiabá voltou nessa semana ao palco das polêmicas. Depois de o Programa Pop Show revelar, em novembro, que o presidente do hospital, médico Antônio Preza, contratou familiares e pagou com a folha da instituição funcionários que cumpriam o expediente na sua casa, uma nova denúncia chegou às mãos do programa. O hospital teria, segundo documentos enviados à reportagem, superfaturado a compra de aparelhos médicos. 

Um documento emitido pelo setor de compras do Hospital, em 15 de dezembro de 2017, mostra a entrada de um equipamento de Ressonância Magnética da marca Siemens comprado por R$ 2.550,000,00. O que causou surpresa foi uma observação que seguiu no documento: a ordem de compra teria sido realizada apenas para a formalização, sem detalhes da composição do valor. 

Segundo Preza, esse procedimento é normal e não há ilegalidade no processo. “O equipamento, sendo ele de um milhão de reais ou dois milhões de reais, é um equipamento mais sofisticado e extrapola a capacidade no sistema para a pessoa que estaria fazendo essa compra no setor de compras. Esse setor é para compras do dia a dia e equipamentos maiores vem a nível da direção”, argumentou.

Em uma pesquisa de mercado feita por um funcionário do hospital ao qual o LIVRE teve acesso, foi constatado que o mesmo aparelho poderia custar em torno de R$ 1,5 milhão, mas Preza alega que os valores dependem da marca do aparelho e acessórios que complementariam sua utilização.

“O valor inicial desta máquina pode variar por conta da fábrica, mas a máquina no valor de um milhão ou um milhão e meio é ‘seco’ e nós precisamos monta-lo conforme as necessidades do hospital. Dependendo do equipamento que agregamos a ele, sobe o valor”, disse.

Outro ponto da compra que levantou suspeitas sobre o equipamento é que ninguém sabe ao certo onde ele está. E a compra foi registrada em um CNPJ distinto do hospital. 

O presidente disse, porém, que há um acordo entre as empresas que vendem e a aquela que ficou registrada. A vendedora, Excelente Organike, sediada em Brasília, teria uma parceria com o CNPJ registrado, da DDR Imagens, que fica em Várzea Grande.

De acorco com Preza, a DDR Imagens iria prestar serviços à Santa Casa mediante a sessão de crédito. O valor desse serviço é de R$ 550 mil. A DDR Imagens, que foi sub-contratada, instalou uma sede na Santa Casa, mas atende os pacientes em Várzea Grande.

“Não posso responder porque as empresas negociaram entre elas, a empresa que tem o crédito com o hospital (Excelente Organike) fez a sessão de crédito, o que é legal e será repassado, mas por que houve uma sessão de crédito, eu não sei, isso deve ser perguntado a as empresas e a Santa Casa não tem nada a ver com isso”, argumentou o presidente.

Segundo o contrato disponibilizado no sistema do Hospital Santa Casa, a empresa Excelente Organike deveria receber o valor de R$ 1 milhão à vista na assinatura do contrato e mais três parcelas no valor de R$ 516.660,00. Todavia, foram pagos apenas R$ 990.00,00 a vista e mais parcelas, sendo que os 550 mil serão pagos a DDR Imagens.

Histórico

Esta administração está iniciando o segundo mandato, sendo que cada um deles tem o período de quatro anos, e o primeiro ano do segundo mandato acabou de começar. O presidente afirma ter sido eleito com 100% dos votos e o Santa Casa é, desde então, uma instituição que zela pela transparência. O hospital está endividado e recebe doações, mas paga as contas com recursos públicos.

“Em janeiro prestamos conta para a sociedade todos projetos que nós apresentamos, contando os do ano passado e este ano, todos os projetos foram aprovados por unanimidade. É a sociedade que aprova nossos projetos, ela que é a ‘dona’ do hospital. O hospital é privado, mas temos que prestar contas para os donos do hospital”, salientou.

Apesar da observação feita no documento emitido pelo setor de compras, Antônio Preza alegou que as compras com custos maiores também são de responsabilidade dele e da mesa de diretora, e este é um feito comum na Casa. “O Hospital Santa Casa tem um setor de compras, as compras de medicamentos ou coisas menores são feitas por este setor, mas algumas compras são feitas através da mesa da diretoria, por meio de emenda, temos uma verba direcionada a estes equipamentos e eles não podem ser direcionados a outras coisas, como, por exemplo, pagamento dos funcionários [que estão sem receber o mês de janeiro]. Também compete a mesa diretora adquirir produtos com dinheiro da emenda recebida, não apenas ao setor de compras, que formula a entrada e saída no sistema”, explicou.

Em novembro e com dívidas, foi revelado casos de nepotismo na Santa Casa teria casos de nepotismo e altos salários, o caso foi apurado e contatou-se que Mariana Preza sobrinha do atual presidente da Santa Casa, Antônio, e seria funcionária da tesouraria do hospital, com um salário de R$ 7 mil. Mariana é filha do engenheiro Luiz Otávio Preza, que é primo do presidente, mas atua como engenheiro do hospital por R$ 12 mil mensais. Além destes, no setor de doações, estariam empregadas a esposa do médico, Telma Preza e Sheila Maria e Carla, cunhadas do presidente.

Sheila Maria teria um salário de R$ 9 mil. Todavia, a Santa Casa declarou que Telma Preza era voluntária e não recebia salários, e, mais tarde, informou que Mariana e Carla não trabalhavam mais no hospital. A dentista na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, Ana Paula Preza, é sobrinha do médico e presidente não teve o salário informado, mas a reportagem do LIVRE constatou salários entre R$ 9 mil e R$ 19 mil pagos aos funcionários do hospital.

Em janeiro, porém, o presidente da unidade filantrópica, Antônio Preza, não cumpriu o acordo com o Sindicato dos Enfermeiros de Mato Grosso (Sindipen-MT), segundo o qual ele deveria pagar os salários até a última sexta-feira. Preza alegou não ter dinheiro para pagar os atrasados já que tanto o governo do Estado quanto a Prefeitura de Cuiabá devem cerca de R$ 6,5 milhões ao hospital que ele administra. Em resposta, o Governo do Estado informou que repassou R$ 22,3 milhões aos municípios no dia 5 de janeiro. Deste total, foram repassados para o Fundo Municipal de Saúde de Cuiabá R$ 9.074.943,29, que faz os pagamentos aos prestadores dos serviços contratados, entre eles os hospitais filantrópicos.

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