Há exatos 49 anos, Francisco Augusto, o Falcãozinho, mora do lado direito da capela do Cemitério da Piedade, em Cuiabá. Ele morreu ainda menino, com 7 anos, e devido à sua devoção é reconhecido pela população local como milagreiro e intercessor.
Diariamente, flores, velas e cartazes são colocados no túmulo dele por fiéis que chegam em romaria, como já foi retratado na matéria publicada no LIVRE.
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O pesquisador Francisco das Chagas, criador e administrador do grupo Cuiabá de Antigamente, instalado no Facebook, explica que as primeiras demonstrações populares foram registradas desde o velório.
Ele cita um livro escrito pelo padre salesiano Firmo Duarte, no qual o autor retrata a comoção das pessoas e a aglomeração de gente que queria, pelo menos, tocar a criança pela última vez.
Quem era Falcãozinho?
Um menino comum, colecionador de chaveiros e torcedor do clube de futebol Dom Bosco. Assim era o pequeno Francisco, que além das atividades comuns da meninice, era frequentador assíduo da igreja por conta dos pais.
“Doutor Licó, já falecido, e a esposa dele, dona Conceição, eram católicos fervorosos e reconhecidos pela comunidade, onde eram tidos como pessoas boas e generosas”, contextualiza o pesquisador.
Quando tinha 5 anos, a mãe de Falcãozinho identificou um calo ósseo na perna dele e ficou preocupada. Procurou, segundo o relado de padre Firmo, mais de 10 médico e foi aconselhada a ir para o Rio de Janeiro, onde o menino teve o câncer diagnosticado.
Naquela época, o tratamento era feito com injeções de cobalto e a ele foram prescritas 10, sendo que durante o processo constatou-se que a doença tinha atingido os pulmões.
Com o final do tratamento, o menino voltou para casa e teve alguns meses de vida normal, até ser atormentado por fortes dores de cabeça, que indicavam a expansão da doença para o cérebro.
Todo o sofrimento da criança foi acompanhado pela sociedade e o que mais causou espanto foi ele pedir para ter a primeira comunhão antes de morrer.
A situação era atípica e nem o padre que atendia a família, Firmo Duarte, tinha autorização para dar o sacramento para alguém tão jovem.
Então, ele pediu autorização ao bispo, Dom Orlando Chaves, que designou uma catequista para atender o garoto.
“E, assim, recebeu a primeira comunhão das mãos do padre Firmo Pinto Duarte. Era 25 de maio de 1971, o relógio marcava 8h40. Seu último gesto e alimento foi a eucaristia”, descreve o trecho do livro do padre Firmo.
Reconhecimentos à fé do menino
Após a morte do garoto, uma creche foi construída com o nome dele no bairro Porto e há uma praça, localizada no bairro Goiabeiras, que também tem um busto em sua homenagem.