Mato Grosso

Eficiência ou fraude? Ganha Tempo relata atendimentos de 30 segundos

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Eficiência ou fraude? Ganha Tempo relata atendimentos de 30 segundos
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Relatório da Controladoria-Geral do Estado de Mato Grosso (CGE) aponta que o Consórcio Rio Verde Ganha Tempo teria burlado o número de atendimentos realizados, entre março de 2018 e fevereiro de 2019, com emissões indevidas de senhas e atendimentos não finalizados. Com isso, a empresa teria aumentado os valores do serviço em cerca de 40%.

Contratada desde 2017 para implantação, gestão, operação e manutenção de sete unidades do Ganha Tempo em Mato Grosso até 2032, a empresa teve contrato firmado em R$ 398,7 milhões, e depois aditivado para R$ 461 milhões.

Pelos cálculos da CGE, de maio de 2019, no ritmo lançado pela empresa, o Estado ainda deve desembolsar R$ 500 milhões até o fim da parceria. Entretanto, o valor pode ser reduzido para a metade se a empresa fizer adequações.

No contrato foi estipulado o valor de R$ 13,30 por atendimento para cálculo de pagamento pelo governo. A estimativa era de 6.866 atendimentos diários e 137.320 mensais. No entanto, a empresa teria “inflado” o número de atendimentos.

Denúncia feita à ouvidoria da CGE apontou que, em uma unidade de Cuiabá, por exemplo, a empresa emitiu e finalizou senhas sem a presença do cliente. Ou seja, teria lançado atendimentos nunca realizados.

Foto: Reprodução/Relatório CGE

O tempo de atendimento, que influencia diretamente no faturamento da Rio Verde, também teria sido alvo de fraude. Segundo a CGE, foram lançados, em um único mês, mais de 87 mil atendimentos realizados em até 30 segundos, o que foi considerado “nitidamente impraticável”. Com isso, a empresa teria lucrado R$ 2 milhões de forma indevida.

A concessionária também não teria cancelado senhas de usuários que desistiram do atendimento, emitido mais de uma senha para a mesma pessoa e ainda replicado 5.653 atendimentos de forma fraudulenta. Pelos atendimentos estima-se que tenham sido pagos R$ 11,8 milhões a mais.

O valor final das supostas fraudes, segundo a auditoria, seria de R$ 16,9 milhões, e o custo por atendimento teria sido elevado para R$ 19,35, equivalente a quase 40% a mais do que o estipulado em contrato.

Os dados encontrados foram enviados para a Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setas), responsável pelo Ganha Tempo, com uma série de recomendações.

Outro lado

O LIVRE buscou contato com o Consórcio Rio Verde, por meio dos canais disponibilizados pela empresa. No entanto, até a publicação desta matéria, não teve retorno da demanda.

Já a assessoria do governo informou, na tarde de quinta-feira (27), que o contrato está sob responsabilidade da Secretaria de Estado de Planejamento (Seplag), que reteve o pagamento referente aos atendimentos identificados como sendo feitos em até 30 segundos.

A Pasta informou que estaria fazendo um “plano de providências” para sanar as irregularidades apontadas e que a empresa já está sendo notificada. Informou que estuda a possibilidade de colocar gerentes para fiscalizar a prestação dos serviços nas unidades do Ganha Tempo e, nesse meio tempo, servidores públicos serão designados como fiscais.

Atualizada às 16h40, do dia 27 de junho

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