Judiciário

Casada com empresário citado em delação, juíza se afasta de ações que citam Pedro Taques

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Casada com empresário citado em delação, juíza se afasta de ações que citam Pedro Taques
Foto: TRE/MT

[related_news ids=”109612,108711″][/related_news]A juíza Vanessa Curti Perenha Gasques, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desistiu de ser relatora de três representações que envolvem o governador Pedro Taques (PSDB). A magistrada também deixará de participar de julgamentos que envolvam o chefe do governo.

A desistência se dá pelo fato de o marido da juíza, o empresário Erivelton Gasques, ter sido citado na delação premiada do empresário Alan Malouf, sobre esquema que teria alimentado Caixa 2 da campanha de Taques em 2014.

A magistrada alega que, apesar de se sentir capaz e imparcial para julgar as ações eleitorais de Taques, prefere resguardar o TRE de Mato Grosso “de maiores desgastes”. “Faço a opção, doravante, de não mais relatar e participar de julgamentos que envolvam o Sr. José Pedro Gonçalves Taques”, declarou a juíza.

Com a decisão de seu afastamento, as representações contra o governador na Justiça Eleitoral terão que ser redistribuídas. “Determino a redistribuição do presente feito, na forma regimental, a outro Relator, bem como dos demais feitos que tenham como parte o referido cidadão”.

Erivelton Gasques foi apontado como membro de um grupo de empresários “simpatizantes” de Taques. O grupo teria pagado R$ 7 milhões para a campanha de 2014 do então candidato ao governo, que à época era filiado ao PDT, sem declarar ao TRE (Caixa 2).

Apenas Erivelton, que é ex-dono da City Lar, teria realizado duas doações, em forma de suposto Caixa 2. A primeira teria sido no valor de R$ 736 mil e, a segunda, de R$ 610 mil, totalizando R$ 1,34 milhão.

Pedido de suspeição

O Ministério Público Federal (MPF) entrou, em agosto deste ano, durante as eleições, com pedido de suspeição da juíza da relatoria de ação em desfavor do governador e até então candidato à reeleição Pedro Taques.

A alegação, à época, foi o fato de a magistrada ser casada com Erivelto Gasques, que em 2014 doou R$ 500 mil para a campanha do tucano, além de ser um dos sócios de uma empresa que conta com contrato de R$ 9 milhões com o Estado.

De acordo com a denúncia recebida pela Procuradoria Regional Eleitoral, o marido da juíza teria efetuado três doações para a campanha do então candidato ao Governo do Estado Pedro Taques, totalizando meio milhão de reais. “Por intermédio das empresas Dismobras Importação e Exportação e Distribuição de Móveis e Eletrodomésticos S/A, Nordeste Participações S/A e WG Eletro S/A”, conforme consta no pedido do MPF.

Outro fator que endossa a solicitação da procuradora regional Eleitoral, Cristina Nascimento de Melo, é o fato de, em fevereiro deste ano, o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Gestão (Seges), ter firmado um contrato de R$ 9 milhões para a locação de um imóvel e conjunto de bens móveis para a instalação e funcionamento do Centro Logístico de Armazenamento e Distribuição do Estado (Celad), local que pertenceria à família do empresário Erivelton Gasques, que é o marido da juíza.

Delação de Alan Malouf

Um grupo de supostos amigos do governador Pedro Taques (PSDB), chamados na delação do empresário Alan Malouf de “empresários simpatizantes”, teria pagado R$ 7 milhões para a campanha do atual mandatário do estado sem declarar – o que é conhecido como “Caixa 2”. Esses valores, segundo o delator, foram usados para quitar os restos a pagar da campanha bem-sucedida ao governo do estado em 2014.

Segundo Malouf, ele e outros cinco amigos – Marcelo Maluf, Juliano Bortoloto, Fernando Minosso, Erivelton Gasques e Júlio Modesto – foram responsáveis pelo pagamento das dívidas de campanha.

O sigilo da delação foi retirado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 19 de outubro e revelou, ao longo de 20 anexos, diversos esquemas que teriam alimentado caixa 2 na campanha de Pedro Taques em 2014. O atual tucano, à época, disputou o cargo e foi eleito pelo PDT.

Malouf foi preso sete meses depois da operação Rêmora ser deflagrada. A operação desmantelou um esquema de fraudes em licitações de obras de escolas em Mato Grosso, montado na gestão de Permínio Pinto (PSDB) como secretário de Estado de Educação (Seduc), no primeiro ano do governo Taques.

A delação de Malouf foi além e trouxe conexões com a Operação Sodoma, que investiga diversas fraudes ocorridas na gestão anterior, do ex-governador Silval Barbosa (ex-MDB).

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