Crônicas Policiais

Assassino alega que matou a ex-namorada porque ela gritou e ele ficou com raiva

Delegado afirmou que a vítima já havia sido agredida e mantida em cárcere privado, mas nunca havia denunciado o ex-namorado

4 minutos de leitura
Assassino alega que matou a ex-namorada porque ela gritou e ele ficou com raiva
(Imagem: reprodução)

Antônio Aluízio da Conceição Marciano, 20 anos, alegou que assassinou a ex-namorada, Emilly Bispo da Cruz, 20 anos, porque ela gritou e ele ficou com raiva. A informação foi divulgada pelo delegado Hércules Batista Gonçalves, responsável pela investigação do caso, em coletiva hoje (17).

Segundo o delegado, o feminicídio, cometido na manhã de ontem (16), no Bairro Pedra 90, em Cuiabá, foi premeditado, pois o assassino não se conformava com o término do relacionamento, e que a vítima foi golpeada por mais de 15 facadas, que atingiram órgãos vitais, inclusive algumas foram no coração.

“O crime não foi casual, ele premetidou o crime. Ele pediu uma moto emprestada, ele conhecia a rotina da vítima – a vítima saía todo dia cedo para deixar a criança na creche. Então ele ficou circulando ali, aguardando só o momento que ela saiu da residência e, infelizmente, efetuou mais de 15 golpes de faca. Ele foi impiedoso. Ela gritou e ele alega que a matou porque ficou com raiva de ela ter gritado”, contou o delegado.

Emilly já chegou na Policlínica do Pedra 90 desacordada, sofreu choque hipovolêmico (perda de grande quantidade de sangue) e morreu.

“É um crime absurdo. Não tem justificativa. Ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém. Ainda mais nessas circunstâncias, na presença de um filho de 4 anos de idade”, disse o delegado.

O menino que assistiu a mãe ser morta não era filha de Antônio Aluízio. Ele não sofreu nenhum ferimento físico. A criança está sob cuidados de familiares.

O crime de feminicídio, praticado na presença de um filho, tem a pena aumentada de 1/3 até a metade, ficando entre 18 e 40 anos de prisão.

Histórico

O delegado conta que o relacionamento do casal, que durou cerca de um ano, com dois términos, era conturbado. Emilly já havia sido espancada ao menos duas vezes e até mesmo chegou a ser mantida em cárcere privado na residência do acusado. Os dois estavam separados há 24 dias e nunca moraram juntos.

“Ela era agredida, ameaçada, vivia com medo. Infelizmente ela não procurou os órgãos especializados. Infelizmente não registrou boletim de ocorrência”, lamentou o delegado Hércules.

Apesar de não ter procurado a polícia, Emilly já dormia na casa de amigas, pedindo proteção, por medo do ex-namorado.

“Ele argumenta que era traído por ela. É sempre um hábito do suspeito colocar a culpa na vítima. Na verdade a culpa é toda dele”, afirmou o delegado, que contou também que Antônio confessou já ter mexido no celular da ex-namorada e disse ter proposto casar com Emilly, mas eles estavam separados e ela estava seguindo a vida.

O delegado Hércules Batista está responsável pela investigação do caso (Foto: Karina Cabral / O Livre)

Prisão

Para cometer o crime, Antônio Aluízio emprestou a motocicleta de um amigo, alegando que a dele estava quebrada. Ele saiu de casa já levando a faca que usou no crime. Após matar Emilly, ele fugiu, foi até o amigo, entregou a motocicleta e disse ter matado a ex-namorada.

Depois, ele fugiu para o Bairro Parque Geórgia, em Cuiabá, onde foi localizado em uma casa abandonada e preso. A prisão foi possível porque a Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) recebeu uma denúncia de onde o acusado estava.

“Não houve entrega espontânea”, frisou o delegado. “Mas ele é réu confesso. Insensível, não demonstrou arrependimento. Ele diz que está arrependido, mas a gente que trabalha com isso percebe quando alguém manifesta de forma espontânea algum arrependimento. Frio, calculista. Esperou ela, premeditou o crime e ceifou a vida de uma mulher na presença de um filho. Um trauma irreversível na vida de uma criança”.

A DHPP investiga se alguém pode ter ajudado no crime. O amigo que emprestou a motocicleta já foi ouvido e teve o celular apreendido. Porém, até o momento, segundo o delegado Hércules, não há nenhuma evidência que o amigo tenha participação no crime.

Antônio já havia comprado uma passagem para o Pará há alguns dias, estado de qual é natural. Então, conforme o delegado, havia vestígios que ele pretendia fugir.

O acusado vai responder por feminicídio majorado. O caso deve ir a juri popular. Esse foi o terceiro caso de feminicídio em Cuiabá em 2023.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
53
Indignado
Indiferente
1
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
4
Surpreso
Triste
12
Triste
Inspirado
1
Inspirado

Principais Manchetes