O projeto da Zona de Processamento e Exportação (ZPE) de Cáceres (220km de Cuiabá), lançado em 1990 e travado desde então, entrou em pauta novamente esta semana. Enquanto um plano de negócio vem sendo desenvolvido pelo Governo do Estado e iniciativa privada para atestar a viabilidade da ZPE, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, e o prefeito de Cáceres, Francis Maris, se dividem entre a expectativa de que, dessa vez, a proposta vai sair do papel e a cautela de quem sabe que muito ainda precisa ser feito.
Ao telejornal Bom Dia MT, da TV Centro América, Francis lembrou que a concretização do projeto é esperado há muitos anos pela população cacerense. “Havia inúmeros erros no projeto. Isso já foi corrigido. Iniciamos a construção com as paredes, escritórios, alfândega, receita federal, bases e temos o início da construção. Já é uma realidade”, afirmou o prefeito.
Já o secretário foi mais cauteloso, lembrando que é preciso estudar a atestar a viabilidade do projeto antes de seguir em frente. “Vai se decidir se é viável ter uma ZPE naquela região ou não; se para um projeto de desenvolvimento da grande Cáceres, a ZPE é um instrumento viável. O que precisa ser feito é um projeto de negócio, porque a ZPE não é apenas uma obra física”, comentou César Miranda.
Desenvolvimento e emprego
Apesar do projeto da Zona de Processamento levantar dúvidas sobre ser atrativo o suficiente para investidores e receber críticas sobre os possíveis impactos ambientais, há quem defenda o lado positivo da execução desta promessa que se arrasta há mais de 20 anos. Para o historiador Alfredo da Motta Menezes, se a ZPE saísse do papel da forma como foi planejada, os impactos em Cáceres seriam muitos e positivos.
“Vai gerar muito emprego e emprego de qualidade. Trabalhar numa agroindústria é melhor do que trabalhar no campo, sem dúvida nenhuma. A cidade de Cáceres já foi uma das mais ricas do Estado. Atualmente, o IDH e a renda per capita da cidade sofreram uma queda acentuada, está precisando dar uma chacoalhada”, afirmou.
Além de geração de emprego, outro argumento usado à favor da implantação da ZPE é a possível integração econômica internacional de Cáceres com os países que fazem parte do Mercosul, já que a produção deve ser escoada pela Hidrovia Paraguai-Paraná, que passa pelos países integrantes do acordo econômico.
“Uma ZPE do jeito que a gente imagina, ela vindo mesmo, daria um impacto muito forte na cidade de Cáceres, em todos os aspectos: emprego de qualidade, renda da população, renda da prefeitura, ligações com o exterior, aumento da população”, avaliou o historiador.
Falta muito
Apesar dos benefícios, a cidade teria que se adaptar e melhorar em aspectos importantes como, por exemplo, sistema de tratamento da água e saneamento básico. Em 2015, apenas 3 dos 51 bairros de Cáceres possuíam esgoto coletado e tratado, de acordo com levantamento feito Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB).
“A cidade vai ter que se adaptar, tem que sair daquilo que ela é agora, porque o que está se falando é que Cáceres passaria a ser outra vez como foi no passado: o centro de todo o progresso do Oeste do Estado”, disse Alfredo.
Nesta semana foi realizada uma reunião sobre o tema com a participação do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), o prefeito de Cáceres, e o presidente da Fiemt, Gustavo Oliveira.
“O governador foi claro. Quer que o projeto seja tocado de forma objetiva e sem sentimentalismo. Ele disse que o local não pode ser alvo de desperdício de dinheiro público e, por isso, os empresários precisam participar do processo. Temos que trabalhar dentro de um projeto de desenvolvimento”, pontuou o secretário César Miranda.