Recurso criativo e artesanal de baixo custo frequentemente utilizado para a divulgação de trabalhos autorais, a zine “Ser Dentro do Ser”, de autoria do coletivo cuiabano Coma a Fronteira, foi selecionada para duas importantes mostras de literatura independente. Trata-se da 4ª edição do Festival de Leitura e Literatura de Bauru (FELELI), realizado no dia 27 de abril, em São Paulo, junto a 3ª Feira Interativa de Zines e Afins (FIZ).
De acordo com os organizadores da zine, a publicação experimenta a ideia do “ser na cidade”, a partir de ilustrações e poemas que colocam em diálogo cultura urbana e natureza. Os textos são de autoria de Caio Ribeiro e Marcella Gaioto, ambos fundadores do coletivo Coma a Fronteira.
“A ideia parte de algumas reflexões e leituras acerca das relações que criamos com os espaços onde ocupamos. Apesar de vivermos na cidade, tem sempre algum bicho ao redor. Qualquer bicho. Acho que quando a gente volta o olhar para tudo que está ao redor, é impossível não nos deparar com um gato, um cachorro, uma pomba…”, conta Marcella, responsável pela concepção, montagem e ilustração da zine.
Desta forma, eles se debruçam sobre a origem mato-grossense e seu laço com figuras animalescas da região, característica comum a identidade visual das artes locais. Peixes, felinos, macacos, jacarés e outras tantas espécies são representadas na publicação.
“Tentamos brincar com as metáforas e as imagens que cada bicho nos inspirou e, por final, deixamos para o leitor a tarefa de decifrá-las, para que cada leitura seja uma experiência pessoal”, complementa a artista.
O formato de uma zine costuma ser bastante artesanal e, por isso, não atende a padrões rígidos de tamanho, fonte e diagramação. Por ser um produto que exige pouco custo na edição e nas cópias, acaba sendo bastante acessível para quem gosta de consumir arte de qualidade sem pesar no bolso.
O “Coma a Fronteira” é um coletivo de artes híbridas e intervenções urbanas, que tem o espaço público e a cidade como laboratório criativo. Os trabalhos sempre buscam o cenário autoral e independente. Além da zine, o coletivo já fez trabalhos com lambe-lambes e intervenções performáticas.