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William Waack, sobre jornalismo: “temos bolsões de excelência num mar de mediocridade“

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William Waack, sobre jornalismo: “temos bolsões de excelência num mar de mediocridade“
Foto: Arquivo pessoal

Com 66 anos de idade, sendo 48 dedicados à comunicação, o jornalista William Waack tem como característica fazer comentários “ácidos” sobre política e economia.

Hoje ele acumula as funções de autor, palestrante e colunista – mas já foi repórter, editor e âncora de TV e trabalhou nas principais redações do Brasil. A sua última participação na mídia convencional foi na Rede Globo.

Waack trabalhava como apresentador do Jornal da Globo quando um vídeo com um comentário – considerado por muitos como racista -, gravado no intervalo de uma entrevista, viralizou na internet.

Após seu desligamento da Rede Globo, o jornalista está se dedicando ao seu canal no YouTube, o Painel WW, um programa semanal de debate realizado ao vivo sempre às sextas-feiras, às 14 horas (horário de Brasília).

O palestrante esteve nessa sexta-feira (31) em Cuiabá para participar do 10º Encontro Técnico do Algodão, organizado pela Fundação MT. O evento teve o objetivo de discutir estratégias para o fomento da cultura do algodão em Mato Grosso. Waack foi o responsável pelo encerramento do evento, palestrou sobre o cenário político e econômico do Brasil.

Em entrevista exclusiva para o LIVRE, Waack falou sobre a sua saída da Globo, sobre o politicamente correto, o jornalismo brasileiro e as qualidades que espera ver no próximo presidente da República.

1 – Qual dos candidatos à presidência mais se aproxima do que o Brasil precisa e de quem é seu voto?

Eu não vou dizer meu voto, essa eu não vou abrir. Mas o próximo presidente terá que mostrar muita capacidade de articulação política. Até o momento, vários têm demonstrado essa capacidade. São os que talvez tragam essas respostas. Acho que ninguém vai conseguir fazer tudo sozinho.

2 – O que tirou de aprendizagem com o episódio do afastamento da Globo; ficaram mais amigos ou inimigos?

Ficaram muito mais amigos, impressionantemente mais amigos e meus inimigos, digamos, não mudaram. Eu sou um cara muito brincalhão e sempre fiz piadas; o que eu acho é que as pessoas levaram à sério o que foi uma piada. Prefiro ficar entre aqueles que, quando falam sério, falam sério e, quando fazem piada, fazem piada.

Foi extraordinária para mim a onda de solidariedade que eu recebi depois. Acho que a esmagadora maioria do público entendeu que eu sou uma pessoa totalmente desvinculada de qualquer tipo de manifestação discriminatória.

Ao contrário, a minha vida inteira é marcada pela minha luta, pela inclusão e pelo respeito à opinião dos outros. Mas eu sou, por outro lado, um brasileiro brincalhão e irreverente. Lamento que alguns não tenham entendido assim.

3 – O jornalismo brasileiro vem decaindo com o politicamente correto?

Eu não posso fazer uma generalização dessas. O jornalismo brasileiro abrange tantas pessoas tão diferentes, algumas tão boas, algumas tão pouco boas… Eu acho que, de maneira geral, o jornalismo brasileiro reflete o que o país é. Nós temos bolsões de excelência num mar de mediocridade.

Já o politicamento correto é uma interpretação política da realidade. O politicamente correto é uma forma de regrar o comportamento e cercear a liberdade de opinião de quem é encarado como adversário dessas correntes políticas.

Não existe o politicamente correto, o que existe é a capacidade de alguns grupos de imporem a sua visão de mundo ao restante da sociedade.

4 – Deixaria todas as suas economias em bolsa antes do dia 7 de outubro?

Eu não entendo de mercado. Não tenho qualificação para isso. Na minha avaliação, o que preocupa ao investidor e ao consumidor brasileiro e a mim, Willian, cidadão particular, é a inércia do nosso país em lidar com a questão fiscal.

Se continuar desse jeito, nós vamos ter hiperinflação e juros estratosféricos – e se alguém tem dinheiro pra lucrar com isso, é problema dele. O meu lado como comunicador é chamar a atenção das pessoas para os perigos. E o perigo que a gente tenha um retrocesso em política monetária é muito grande.

5 – Quais as principais características de um bom âncora (apresentador) de TV?

Precisão, controle e autonomia.

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