Os profissionais de educação precisarão se reinventar quando voltarem à rotina escolar. Devido à pandemia, muitos protocolos sanitários foram instalados e para serem atendidos, será preciso criatividade e inovação nas práticas pedagógicas e, principalmente, nas formas de acolhimento aos estudantes.
Apesar de haver expectativa quando ao retorno, já que suspensão das aulas presenciais duram mais de 4 meses, a consultora educacional e psicóloga, Carla Jarlicht, diz que é preciso ficar alerta. Além das questões de higienização, é preciso dar atenção aos aspectos emocionais, tanto de professores quanto de alunos.
Ela defende a necessidade de um debate transparente entre todos os envolvidos: estabelecimentos, pais, alunos, professores, poder público e sociedade.
“Serão muitos os desafios. E vão dos aspectos estruturais e organizacionais da escola, que deverá atender aos protocolos, aos aspectos emocionais, que envolvem não só o acolhimento dos alunos como também o das famílias. Todos estão, em alguma medida, sensíveis a tudo que vem acontecendo e, de certa forma, inseguros, ansiosos e um tanto esperançosos com o que está por vir”, afirma Jarlicht.
Para ela, o retorno ao ensino presencial exigirá do professor novas estratégias para a reinvenção tanto das relações afetivas quanto do trabalho pedagógico em si, repensando os projetos, de acordo com a avaliação diagnóstica dos alunos, contemplando novos encaminhamentos, além de outros combinados para a rotina, que será inteiramente diferente.
“Essa nova realidade será um grande desafio para todos na escola, sobretudo para os professores que são o porto seguro dos alunos, suas famílias e coordenação. Portanto, o acolhimento deve também se estender a eles. Gestores e coordenadores precisam estar abertos para ouvir esses profissionais nas suas demandas e trabalhar em parceria”, argumenta.
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Carla lembra que a escola é um lugar de encontro. E que seria fundamental criar um espaço para diálogo transparente com as famílias e a comunidade para que, juntos, possam pensar sobre esse retorno às aulas e sobre como viabilizar a prática de tais protocolos.
“Discutir, ponderar, acalmar as angústias, alinhar as expectativas e planejar soluções possíveis. Mais do que nunca, num contexto como a de uma pandemia, precisamos pensar coletivamente, compartilhando a responsabilidade entre todos os envolvidos”, salienta.
A especialista destaca, citando o educador português José Pacheco, que “escola não é edifício; escolas são pessoas”.
“Sendo assim, para além de todos os cuidados de higienização, que são importantíssimos, temos que focar na saúde emocional de crianças e adultos. A situação vivida ainda é delicada sob muitos aspectos e, sobretudo, o aspecto emocional. Muitas e diversas foram as perdas, não podemos fechar os olhos para isso, não será possível continuar de onde havíamos parado, como se tudo tivesse sido um feriado prolongado”, resume.
(Com Assessoria)