Comportamento

Volta ao normal? Fim do isolamento social pode causar “síndrome da cabana”

Psicólogas alertam para estresse adaptativo no momento em que os setores retomam as atividades e vivenciam o "novo normal"

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Volta ao normal? Fim do isolamento social pode causar “síndrome da cabana”
(Foto: Roven Rosa/Agência Brasil)

Sair não é mais natural como antes. A retomada das atividades após a pior fase da pandemia de covid-19 está ocorrendo. Mas, enquanto alguns anseiam para deixar suas  casas após o isolamento, outros sofrem com a nova rotina.

Para esses, o fim da quarentena pode ser um fenômeno que os psicólogos chamam de “síndrome da cabana”.

Apesar do nome, a “síndrome” não é uma doença e nem é considerado transtorno mental. Os especialistas chamam de estresse adaptativo e ele ocorre em pessoas que podem passar por dificuldades emocionais ao ter que sair do “estado de retiro” em suas casas.

A expressão “síndrome da cabana” tem origem no início do século 20 e serviu para relatar vivências de pessoas que ficavam isoladas em períodos de nevasca no Hemisfério Norte e que, depois, tinham que retomar o convívio social.

Os sintomas também eram percebidos em caçadores profissionais que se embrenhavam nas matas no passado. Na nossa geração, a “síndrome” pode afetar trabalhadores que estão sempre afastados da sociedade em razão do ofício.

Fora de controle

Para as pessoas com síndrome da cabana, a casa é o melhor lugar para estar, explica a psicóloga Ana Carolina de Araujo Cunto. “Quando o mundo lá fora passa a ser ameaçador, seja por quais razões que forem, a casa representa um lugar de proteção, onde me sinto bem, onde estou protegido e onde consigo ter o controle das coisas”, ela explica.

Os especialistas apontam que todo tipo de isolamento pode desencadear a síndrome, principalmente se por um longo período e se estiver ligado ao medo. A sensação de que o perigo está lá fora também descrita por quem passa por isso.

“As pessoas saiam de casa, estavam na rua e pronto. Agora não, têm que se preocupar com a máscara, têm que se preocupar em ter o distanciamento físico das pessoas. Não podem tocar nas coisas. Devem lavar as mãos ou passar álcool em gel. Verificar se estão sentadas em um lugar perto de ventilação. Ficamos em um estado de alerta constante”, descreve Cunto.

Atenção na retomada

As psicólogas orientam as pessoas para que fiquem atentas aos sinais de ansiedade, medo e até pânico. Pode haver desconfortos como taquicardia, sudorese e dificuldade de dormir. O apetite pode mudar, desde a perda da fome até a ingestão de maior número de alimentos.

Uma sugestão é sair de casa junto com alguém em que confie e que também se previna contra a covid-19. Outra dica é ensaiar a saída, iniciando com uma descida até a portaria do prédio ou ao portão da casa. Depois, em outro momento, alguns passos na rua, e mais adiante, passeios maiores para restabelecer a confiança.

Caso isso não seja suficiente, as psicólogas sugerem que as pessoas busquem atendimento especializado em consultório.

(Com Agência Brasil)

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