Mesmo quem nunca fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode já ter respondido questões que caíram ou cairão na prova. Testar as questões com estudantes é uma das etapas de elaboração do questionário que vale uma vaga no ensino superior.
Os estudantes que testam essas perguntas não ficam sabendo disso. Como todo o restante do processo de criação da prova, essa etapa é sigilosa.
Com o teste, os organizadores do Enem avaliam a dificuldade da questão e até a probabilidade de um estudante acertar a resposta “no chute”.
Uma vez aprovada, a questão passa a fazer parte do Banco Nacional de Itens (BNI).
As perguntas são elaboradas por especialistas selecionados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
E elas não nascem do acaso. Esses profissionais têm que se basear em uma matriz de referência, seguir um guia de elaboração e o que é produzido por eles ainda passa por uma revisão.
Só depois disso é que a questão é testada com estudantes.
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O Enem começa a ser aplicado neste domingo (3). Mais de 5 milhões de pessoas devem fazer as provas de Ciências Humanas, Linguagens e Redação.
O exame continua no dia 10, com provas de Matemática e Ciências da Natureza.
A prova de redação é a única subjetiva. As demais 4 provas terão 45 questões de múltipla escolha cada.
Ultrassecreto
Entrar no Banco Nacional de Itens é para poucos. O protocolo de segurança é rigoroso e envolve a assinatura de termos de sigilo, por parte dos servidores públicos, e acesso via identificação das digitais.
O ambiente é completamente isolado, sem acesso à internet e até mesmo à intranet do Inep.
Todo o processo de captação, elaboração e revisão das questões que compõem o Enem ocorre nesse espaço.
E não se sabe ao certo quantas questões compõem o banco. Mais uma informação que é sigilosa.
Revisão
Neste ano, o Inep decidiu revisar as questões contidas no BNI. A autarquia criou uma comissão para definir o que não seria usado no Enem 2019.
De acordo com nota publicada pela autarquia, a comissão deveria “identificar abordagens controversas com teor ofensivo a segmentos e grupos sociais, símbolos, tradições e costumes nacionais”.
Questões enquadradas nesses critérios deveriam receber uma recomendação para não serem usadas no exame. Nenhuma delas, segundo Inep, vai ser excluída do BNI – já que o processo de elaboração é longo e caro.
A comissão concluiu o trabalho no começo de abril. E pelo caráter sigiloso do BNI, o resultado não foi divulgado.
Mudanças na prova
Apesar da medida, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou que o Enem não deve sofrer mudanças substanciais, já que as questões que serão usadas no exame deste ano “já estavam no banco de itens”.
A única orientação da atual gestão, segundo ele, foi “evitar polêmicas”.
Ministro da Educação, Abraham Weintraub disse que o Enem terá como foco conhecimentos objetivos e que a preocupação do MEC será selecionar os melhores alunos.
“Não vai cair ideologia. A gente quer saber de conhecimento científico, técnico, de capacidade de leitura, de fazer contas, de conhecimentos objetivos”, ele disse.
Tanto o presidente do Inep, quanto o ministro da Educação garantiram que não tiveram acesso ao exame.
(Com informações da Agência Brasil)