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Depois de perder o marido, haitiana ganha ação por danos morais e vai trazer os filhos ao Brasil

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Depois de perder o marido, haitiana ganha ação por danos morais e vai trazer os filhos ao Brasil
O compatriota, Clercius Monestine, colaborou com a haitiana que não fala português

Uma viúva haitiana que vive em Sorriso (400 km de Cuiabá) teve acordo favorável em ação de danos morais e materiais pela morte do marido em um acidente de trabalho. Mesmo a custas do sofrimento, a viúva disse à assessoria do TRT que vai usar o dinheiro para as despesas com documentação e passagens aéreas para trazer ao Brasil os três filhos que ficaram no Haiti.

O trabalhador, que atuava como pedreiro, fazia a instalação de manilhas para drenagem de águas pluviais do loteamento da empresa, quando foi soterrado com outro colega de trabalho que, ao contrário do haitiano, teve a sorte de sobreviver ao desmoronamento.

Como a viúva não fala português, só obteve sucesso na ação graças ao apoio de outro haitiano. O presidente da Associação de Defesa dos Haitianos Migrantes em Mato Grosso (ADHM-MT), Clercius Monestine, participou da audiência como intérprete. De acordo com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MT), nesta sexta-feira (20) o acordo foi construído após quase uma hora de muito debate entre os dois lados na Vara do Trabalho de Sorriso.

Clercius participou por vídeo conferência. Ora falava em crioulo, ora em francês com a viúva. Essa colaboração do haitiano foi determinante para o acordo com a empresa de construção civil, que garantiu o pagamento de uma casa no valor de R$ 147 mil e mais R$ 50 mil como indenização pela morte do marido em um acidente de trabalho, ocorrido em setembro 2016.

A distância entre as duas cidades não impediu que Clercius traduzisse todas as propostas feitas por ambas as partes. A primeira apresentada pela empresa foi rejeitada. A partir de então, começaram-se as negociações. A empresa propôs outro acordo, que foi aceito pela viúva: Uma casa com três quartos e o montante em dinheiro, parcelados em 5 vezes, até julho de 2019.

Clercius participou por vídeo conferência. Ora falava em crioulo, ora em francês com a viúva

 

Intérprete

O intérprete Clercius Monestine também é haitiano. Ele veio para o Brasil em 2012, junto com milhares de outros conterrâneos que buscavam melhores condições de vida após os terremotos que abalaram o país em 2010.

No Haiti ele atuava como diretor de uma grande escola. Assim que chegou ao Brasil, começou a trabalhar na construção civil, mas não se adaptou e após três meses em terras tupiniquins já estava atuando como intérprete.

Hoje, Clercius é presidente da Associação de Defesa dos Haitianos e Imigrantes e Migrantes de Mato Grosso (Adhimi-MT) e sempre está ajudando os imigrantes que vivem no estado, com traduções, auxilio com documentos e com o aprendizado do novo idioma.

Através de uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc/MT), ele e os membros da associação ensinam português para os haitianos que chegam em Mato Grosso.

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