Em janeiro deste ano, atrizes usaram vestidos pretos na cerimônia de entrega do Globo de Ouro 2018, realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos. O protesto denuncia mundialmente, o assédio sexual sofrido pelas mulheres em Hollywood. Dentre elas, Sharon Stones chamava a atenção. O vestido com caimento impecável e recortes geométricos com transparências escolhido para a cerimônia especial, era um Vitor Zerbinato, marca do estilista brasileiro que há alguns anos vem atraindo a atenção das celebridades da TV e música nacional ao criar vestidos de festas que realçam o feminino.
O mesmo vestido usado por Sharon Stone integra a coleção Inverno 2018. Vitor inspirou-se pela história de uma das figuras femininas mais controversas da história que pode ser considerada a primeira it girl que o mundo conheceu, a rainha Maria Antonieta, nascida em 1755. Há muitos anos sua história tem rendido livros e filmes, como o homônimo dirigido por Sofia Coppola. Neste, a cineasta revelou uma figura feminina que confrontava as opressivas convenções culturais da época e a animosidade política que a cercava.
Há umas semanas, Vitor esteve em Cuiabá a convite da Corpo e Arte, loja das mais conceituadas de moda de Mato Grosso, liderada pela empresária Silvia Lino. O LIVRE falou com ele no mesmo dia em que faria um bate-papo com 50 convidadas especiais, sobre o processo criativo, logística e a atemporalidade da moda, que costuma ser perseguida por suas verdadeiras obras de arte traduzidas em vestidos de festa mais estruturados. Há uma arara inteira dedicada à exposição de modelos da coleção.
“O pensamento que me motivou para a criação da nova coleção, foi: o que vestiria Maria Antonieta na contemporaneidade?”, conta Zerbinato. A partir daí, foi fiel às outras coleções ao explorar com excelência a silhueta e shape do corpo feminino para realçar as curvas e o resultado, é caimento perfeito. Logo, veio a escolha dos tecidos, onde reinam tules, zibelines e o jacquard, feito exclusivamente para a coleção. Jaquetas em couro, para opções mais casuais trazem bordados inspirados pelos arabescos e os casacos, recebem aplicações de pompons. Há também peças em moletom, que revelam uma “Maria Antonieta vivendo em pleno século 21”.
“A estampa exclusiva que idealizei relembram vários itens favoritos de Maria Antonieta, como pérolas, leques, batons e sapatos aplicados em tecido leve, a musseline de seda”, explica. Adicionou também à coleção, tons pasteis como rosa e azul candy, bem como tons mais sóbrios como o vinho e vermelho vivo. Outra preferência da rainha, as flores, são resgatadas nas estampas florais. As capas de rainhas também são lembradas em vestidos com capas.
“Mas vale ressaltar, dá para editar algumas das peças da coleção. Deixá-las casuais, sem erro, ao usar um tênis, por exemplo”, ressalta o estilista que nasceu no interior de São Paulo. “Quando era pequeno, lá em Piracicaba, eu já fazia minha primeira incursão no mundo da moda. Adorava brincar com as bonecas e vestidos em papel, ia fazendo várias combinações”, se diverte. Mais tarde, fez análise química ao tempo em que trabalhava em uma loja. “As experiências contribuíram para o trabalho q realizo hoje. Depois, me profissionalizei, surgiu a Madame X e há cinco anos assisti a um boom do meu trabalho. São inúmeras personalidades no Brasil que aparecem em editorias de moda e grandes eventos, vestindo minhas roupas, isso é incrível”, testemunha.
Com essa reformulação de sua história – ao assumir uma marca com seu nome – ele também investiu em uma assessoria em Los Angeles e logo, várias celebridades internacionais passaram a conhecer e – se apaixonar – pelos vestidos dele. “Investi em roupas mais limpas, sem exageros no bordado. A mulher mato-grossense, a exemplo, é também uma mulher chique. Gosta de decote, de tecidos mais leves, de uma roupa exuberante. É isso que tento fazer. Deixá-las ainda mais femininas e conscientes de sua força”.
Confira algumas peças da coleção, disponível para venda na loja Corpo e Arte, que fica na Rua Almirante Henrique Pinheiro Guedes, 305, bairro Duque de Caxias.
