O ano de 2018 já começou movimentado para o violonista mato-grossense Hoberdan Peno, de 27 anos, que teve em mãos seu tão suado diploma de bacharel pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Agora, ele recebe a grata notícia do início de uma nova etapa, uma especialização, e desta vez, em terras norte-americanas.
O jovem foi selecionado no Programa de Mestrado em Performance, da Georgia State University, em Atlanta (EUA). E como já é comum à sua trajetória de paixão e suor pela música, ele realiza um concerto de violão brasileiro no dia 8 de julho para arrecadar fundos que o ajudarão a encarar o desafio de se manter financeiramente no novo país.
Assim como fez para adquirir seu primeiro violão, aos 11 anos – talvez sem tanta tecnologia – ele também realiza uma “vaquinha online” AQUI para os que quiserem ajudar com qualquer valor. Mais informações sobre data e local do concerto serão divulgadas em breve nas redes sociais.
Além do ingresso, ele também garantiu uma bolsa de estudos como premiação no Presidential Out of State Tuition Waiverque, da Universidade. “Esse prêmio reduz os preços das mensalidades a 1/3 do valor total, mas as bolsa de assistência se esgotaram e preciso angariar fundos para me manter pelo menos nesses dois primeiros semestres no curso”, explica o jovem.
O gosto de Hoberdan pela música vem desde a primeira infância. “Minha primeira paixão foi o Cello e é até hoje. Mas, na época, com uma vaquinha, conseguimos comprar um violão. Ir buscar o instrumento e ficar o resto do dia sentado num toco de árvore, tocando, foi uma das maiores alegrias que senti até hoje. Era meu brinquedo, mas não sabia usá-lo”, lembra.
Devido às condições financeiras da família, que nunca foram favoráveis para arcar com custos em escolas de música, as primeiras aulas demoraram um pouco mais, aos 15 anos, em Várzea Grande, onde reside. Depois ele passou a estudar no Conservatório Lorenzo Fernandes, em Cuiabá, finalizando o Curso Técnico-Profissionalizante no mesmo ano em que ingressou no Curso de Bacharelado em Violão da UFMT, em 2013.
“No começo meus pais me ajudavam com o que podiam, mas com o tempo tive que andar sozinho e passei a dar aulas como um doido para conseguir pagar as despesas com meu curso. Sempre acreditei que ter uma boa educação é a chave para ser bem sucedido, então eu não media esforços para investir nisso”.
Durante a graduação, foram dois semestres de mobilidade acadêmica na UFMG, em Belo Horizonte, orientado pelo professor Fernando Araújo. “Um excelente violonista, com quem sempre quis ter contato”, conta. A conclusão do curso na UFMT, foi orientado pela professora Drª Teresinha Prada.
“Sempre falo que gosto da música que me instiga, o que pode ser desde a música popular à música de concerto”. No universo desta última, suas referências passam por Bach, Mozart, Beethoven, Chopin, Debussy, Stravinsky, Webern, Guerra-Peixe, Guarnieri, Fernandez, Mignone e o brasileiro Villa-lobos. Na esfera popular, ele conta que sempre gostou de jazz, bossa e improvisações. “Adoro isso em música”.
Integrou por muito tempo do Conjunto Violões da UFMT e participou de concertos de Câmara. “Apesar do Violonista desde o primeiro momento ser solista, somos muito felizes em ter um repertório considerável para nosso instrumento em conjunto com outros instrumentos ou cantores”.
Como todo instrumentista dedicado, Hoberdan também participou de diversos cursos em festivais nacionais e internacionais, ao longo dos anos de curso Técnico e Graduação, onde ampliou o contato com musicistas renomados de diversos países, em masterclasses, palestras ou concertos.
O primeiro contato com a Geórgia University foi como um dos sete premiados uma bolsa de estudos para o Intercâmbio, resultado de sua participação do XXX Festival Internacional de Inverno da UFSM, em 2015, no Rio Grande do Sul.
No âmbito nacional, o cuiabano foi revelado com Menção Honrosa no I Concurso de Solistas de Mato Grosso, em 2017. O prêmio, em dinheiro, foi usado para inscrição nos processos seletivos em duas universidades da Geórgia. “Foi uma preparação foi bem legal, mas trabalhosa. Não tive que lidar apenas com a parte da música, mas com questões burocráticas”. Mesmo assim, o jovem fez sua parte: foi aprovado nas duas.
