Ednilson Aguiar/O Livre
Vereador Diego Guimarães: ele é o oitavo parlamentar de Cuiabá a assinar requerimento de CPI contra Emanuel Pinheiro
Um suposto crime de obstrução à Justiça foi adicionado ao requerimento para instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de Cuiabá contra o prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB).
O fato “novo” foi sugestão do vereador Diego Guimarães (PP), que retornou ao Legislativo na manhã desta terça-feira (31), após um período de licença, e se tornou o oitavo parlamentar a assinar o pedido de investigação. Ainda falta uma assinatura para que a CPI saia do papel.
A suposta obstrução da Justiça, segundo Diego Guimarães, poderia ser caracterizada pelo fato de a Polícia Federal ter encontrado na casa de Emanuel a gravação de uma conversa do ex-secretário de Estado Alan Zanatta com Silvio César Corrêa de Araújo, ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). No diálogo, eles falam sobre a delação de Silvio e Silval.
O arquivo em áudio teria sido encontrado durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa de Emanuel, durante a deflagração da Operação Malebolge, em setembro, que teve como alvos diversos políticos citados nas delações do ex-chefe de gabinete e do ex-governador. A própria defesa do prefeito, no entanto, usa a gravação em seu favor.
A mudança no objeto da CPI e a assinatura de Diego Guimarães trouxeram à Câmara, novamente, a discussão sobre a legitimidade ou não de os vereadores investigarem o prefeito, já que a acusação que pesa contra Emanuel – o suposto recebimento de propina para aprovar ações de interesse do governo na Assembleia Legislativa – é referente a fatos que teriam ocorrido quando ele ainda era deputado estadual.
“Recentemente tivemos uma busca e apreensão na casa do atual prefeito de Cuiabá. Eu não estou falando do ex-deputado. Por que ele não encaminhou esse áudio para as autoridades antes? A mando de quem Alan Zanatta gravou aquela conversa? Além disso, a PF identificou que tem trucagem na gravação. Isso é grave”, argumentou Diego Guimarães, em discurso na tribuna.
O líder do prefeito na Câmara, Lilo Pinheiro (PRP), por sua vez, afirmou que o próprio ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que autorizou os mandados cumpridos na Operação Malebolge e homologou as delações de Silvio e Silval, defendeu a tese de que o prefeito não poderia ser afastado do cargo por conta de fatos supostamente praticados antes de seu mandato.
“Da mesma forma como o vereador Diego Guimarães estudou o caso e encontrou um parecer dizendo que há a possiblidade de a Câmara investigar, eu estudei e já achei mais de 20 pareceres contrários à CPI nesse caso”, reforçou o vereador Marcos Veloso (PV).
Gilberto Figueiredo (PSB), um dos oito a assinarem o pedido de CPI, por sua vez, defendeu que o prefeito, pelo menos, apresentasse uma explicação ao Parlamento. É dele uma solicitação para que Emanuel compareça a uma das sessões da Câmara para falar sobre o caso.
Já Renivaldo Nascimento (PSDB) afirmou que os vereadores não têm condição alguma de investigar os fatos em questão. “Eu já fui presidente de CPI nesta Casa e ninguém aqui tem conhecimento para isso. Não é porque foi eleito, que ganhou conhecimento. Quem tiver pretensão de investigar governador, que se candidate a deputado estadual e vá para lá [Assembleia Legislativa] em 2018”, disparou.