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Um novo plebiscito para questão das armas? Não, obrigado!

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Um novo plebiscito para questão das armas? Não, obrigado!

Muita gente está fazendo circular uma enquete que se iniciou em 2017 como se fosse coisa nova. Ela trata da proposta do Senador Wilder Morais (PP/GO), o Projeto de Decreto Legislativo (SF) n° 175, de 2017 que tem como artigo inicial:

“É convocado plebiscito, nos termos dos arts. 1º, parágrafo único; 14, inciso I; e 49, inciso XV, da Constituição Federal, a ser realizado pela Justiça Eleitoral, em todo o território nacional, simultaneamente com as eleições gerais de 2018 (grifo meu), para consulta sobre a liberação do porte de armas de fogo para cidadãos residentes em áreas rurais e a revogação do Estatuto do Desarmamento e sua substituição por instrumento normativo que assegure o porte de armas de fogo a quaisquer cidadãos que preencham requisitos objetivamente estipulados em lei.”

Entenderam? A proposta, per si, encontra-se morta, pois ocorreria conjuntamente a finda eleição que culminou com a eleição de Bolsonaro. Portanto, não há como se falar na mesma como possível de aprovação, pelo menos como se encontra.

Outro erro é achar que a mesma trata-se de ser contrário ou não ao desarmamento. Trata-se de querer outra consulta pública sobre o tema. Sim, outra! Já tivemos uma consulta em 2005, com resultado inequívoco, com votação superior até mesmo aos votos conseguidos pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. Embora o senador Wilder Morais tenha tido boa intenção na proposta – ele sempre esteve ao nosso lado nessa questão – a ideia de uma nova consulta, desta vez um plebiscito, traz a ideia de que o de 2005 não teve valor, o que é absolutamente falso. Como explicado no artigo “Estatuto do Desarmamento – uma lei socialmente desajustada” publicado em 2012 pelo pesquisador Fabrício Rebelo e que serviu de inspiração para apresentação do PL 3722/12 pelo deputado federal Rogério Peninha:

“O entendimento refletido no Estatuto, vê-se, partiu de uma premissa central, de que as armas deveriam ser banidas da sociedade. Como não houve o banimento [devido ao resultado do referente de 2005], não há sentido em manter-se vigente uma legislação cujos preceitos dele decorrem.

Desta forma, urge que se promova profunda revisão nos termos da Lei nº 10.826/03, quiçá sua integral revogação e a edição de novo modelo legislativo, voltado, não à ideia já rejeitada do desarmamento, mas tão somente ao controle das armas de fogo, conferindo ao cidadão brasileiro, conforme sua manifesta opção, o direito de mantê-las também para sua segurança, de forma responsável e dentro dos ditames legais.

Do contrário, à vista da realidade, tema tão relevante, como a proteção à vida e a possibilidade de legítima defesa, continuará tutelado por norma inegavelmente desajustada com a realidade social.”

Não tenho a menor dúvida que teríamos um resultado ainda mais favorável para nós, contra o desarmamento e em favor do direito de defesa do cidadão. Exatamente por isso a esquerda se mobilizou para votar contra a realização do plebiscito. Ironia do destino estão fazendo o certo pelos motivos errados. Eles não acreditam na democracia direta, pois sabem que sempre serão derrotados em suas pautas. Eu, como outros tantos, acredito na democracia direta – respeito ao resultado do referendo de 2005 – e na importância da democracia representativa. Ou será que elegemos um presidente e a maior bancada conservadora da história para nada? A obrigação agora é deles representarem seus representados e cumprirem suas pautas de campanha. Não ao desarmamento! Sim ao direito de defesa do cidadão!

Bene Barbosa é especialista em segurança, escritor, presidente do Movimento Viva Brasil, palestrante e autor do best-seller Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento.

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