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Um apelo à educação

Em meio à caótica, inimaginável e imprevisível situação, nem mesmo as grandes corporações de ensino parecem preparadas para lidar com tantas adversidades

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Um apelo à educação
(Foto: Arquivo\EBC)

Por Matheus Katsumi Almeida Yamashita, Rycieri Luig Pinho de Souza & Pedro Alves C. Neto

Sentimentos de angústia, medo e incerteza, tomaram conta dos badalados corredores das principais instituições de ensino particulares de Mato Grosso.

Isso porque, em face dos efeitos decorrentes da decretação da pandemia de Covid-19, muitos alunos se viram impossibilitados de desempenhar suas atividades rentáveis, tornando insustentável o pagamento das mensalidades acadêmicas, que continuam sendo cobradas integralmente pelas faculdades. Uma conta que não fecha.

Orientações são repassadas periodicamente a fim de acautelar os ânimos mais exaltados. Ensino à distância, propostas de reposição, reajustes de calendários e supressão do período de recesso escolar já são realidade nos bastidores de algumas das instituições com o viés de tranquilizar os graduandos.

Projeções FUTURAS que, por sua vez, não beneficiarão alguns sonhos, que desde já se viram sucumbidos pelo PRESENTE.

Em meio à caótica, inimaginável e imprevisível situação, nem mesmo as grandes corporações de ensino parecem preparadas para lidar com tantas adversidades, o que aos nossos olhos é bastante compreensível.

Razoável é considerar que toda e qualquer organização está sujeita aos riscos decorrentes das atividades que desenvolvem. Por certo, há de se levar em conta diversos elementos de cunho empresarial que nos abstemos de abordar na intenção de ser, tanto quanto possível, mais objetivos.

Recentemente, a Secretaria Nacional do Consumidor, organismo subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, editou a nota técnica n.o 14/2020 enfatizando os direitos dos envolvidos nas relações de consumo, especialmente àqueles relacionados à prestação de serviços educacionais.

Em síntese, a SENACON manifestou-se no sentido de minimizar os danos aos contratantes, orientando os consumidores a evitar o cancelamento e/ou trancamento de matrículas; devendo, para tanto, buscar junto às respectivas entidades formas consensuais para a manutenção do vínculo estudantil. O que não nos surpreende, vez que outros setores aderiram tal postura, e que sob nossa óptica seria, a grosso modo, a mais adequada.

A título de exemplo, a instituição de ensino “Saint Paul’s”, localizada no município de São Paulo, realizou o abatimento de 30% do valor integral da mensalidade, enquanto os seus alunos estiverem adotando as medidas determinadas pelos organismos de saúde pública. Isso, além de oportunizar o justo, faz com que outras empresas, inclusive concorrentes, sigam o espelho.

O agravame se evidencia quando passamos a analisar as consequências suportadas pelos grupos que se encontram em maior vulnerabilidade econômica, neste incluído um universo de autônomos, estagiários e demais profissionais liberais que trabalhavam à título precário e viram seus rendimentos abruptamente suspensos ou suprimidos.

A solução para muitos têm sido optar pelo trancamento/cancelamento das matrículas. Uma triste e cruel realidade. Aos que ainda possuem renda, o desafio é outro: destinar de forma consciente os valores percebidos pelos empregadores, atendendo prioritariamente às necessidades básicas e essenciais para sua subsistência.

Concordamos que a educação é um direito de todos; ademais é impossível associar a imagem de uma nação economicamente forte e saudável, ao passo que desprezamos e dificultamos o acesso ao CONHECIMENTO.

Neste cenário, estão os discentes, portanto, diante de uma escolha decisiva: priorizar a continuidade dos estudos ou a preservação de sua integridade física e dos seus.

Medidas urgentes se fazem necessárias, pois para muitos o sonho da graduação não será adiado, e sim sepultado sem lágrimas de despedidas, às duras penas. Caso não sejam tomadas medidas eficazes, a evasão escolar será, dentre outros, mais um cruel e memorável efeito do que pode ser a maior Pandemia do século XXI.

Sugere-se, aos gestores das aludidas instituições, compreensão para que dentro do possível, facilite o diálogo, evitando assim maiores prejuízos aos discentes, seja procedendo negociações, flexibilizando regras de pagamento ou suspendendo total/parcialmente a cobrança de mensalidades, observadas as peculiaridades de cada caso.

Dessa forma, entende-se pertinente a intervenção dos órgãos de representação no debate, a fim de discutir e propor medidas integradas a serem implementadas para a permanência do sobredito grupo em sala de aula, até que tão logo, se estabilize as relações entre academia e acadêmico.

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