Cidades

UFMT é referência em descrição de novas espécies de insetos

Durante uma pesquisa, a instituição contribuiu participando da descoberta de 74 das 680 registradas.

4 minutos de leitura
UFMT é referência em descrição de novas espécies de insetos
(Foto: Divulgação)

Quase sempre discretos, os insetos são animais de profunda importância econômica, social e cultural. Temos as abelhas que são responsáveis pela polinização; os mosquitos, vetores de doenças; mas também borboletas, ou mariposas, que já serviram de inspiração para artistas de diferentes mídias.

Esses exemplos, entretanto, ignoram um aspecto fundamental sobre esses animais: sua diversidade, afinal, não existe um único tipo de abelha que consegue polinizar todas as plantas. Muito pelo contrário, dados de artigo divulgado recentemente demonstram que só de “abelhas” o Brasil tem mais de 10 mil espécies conhecidas. E esse número representa só 15% do total da diversidade delas no país.

E números dessa magnitude se repetem com todos os tipos de insetos.

A pesquisa, que teve como objetivo fazer um levantamento do número de espécies descritas em 2020, coloca em perspectiva o desafio de conhecer a diversidade desses animais e aponta a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) como uma das Instituições que mais contribuiu neste sentido, participando da descoberta de 74 das 680 registradas.

“Não temos como usar ou aproveitar as coisas que não conhecemos. Simples assim. Então, se queremos algum dia dar mais usos ou ter mais benefícios derivados dos insetos, como aliás já temos muitos, precisamos conhecer as suas identidades, ou não saberemos o que aproveitar nem como”, explicou o professor Fernando Vaz de Mello, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), mas complementa: “Além disso, há a questão menos utilitária, básica, de saber o que existe no mundo, e os insetos correspondem a um pedaço enorme e não negligenciável disso”.

O pesquisador, que trabalha com besouros, não participou do levantamento, mas figura nos resultados tendo contribuído em 38 artigos que descreveram novas espécies.

“O artigo mostra que cerca de 20% das espécies novas de besouros originários do Brasil foram descritas como fruto de trabalho da UFMT. Isso nos coloca como a quinta Instituição responsável por mais descrições de espécies novas de insetos, mostrando que era possível transformar uma coleção regional em um centro Taxonômico de importância internacional”, disse.

De acordo com o pró-reitor de Pesquisa, professor Leandro Battirola, o levantamento também demonstra a preocupação que a UFMT tem em fazer o reconhecimento da biodiversidade, não só de Mato Grosso, mas também de outras regiões.

“É a partir do trabalho de reconhecimento de novas espécies que podemos prosseguir com os estudos aplicados de sustentabilidade e de aproveitamento desses animais, sejam como controle biológico, ou na prospecção de produtos naturais e mais”, afirmou.

Neste sentido, a Universidade está construindo o Centro de Pesquisa em Coleções Zoológicas, laboratório com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que irá abrigar todas as coleções científicas da Instituição, incluindo insetos, mamíferos, peixes, répteis e também a coleção paleontológica.

“Esse acervo será um dos maiores do país, colocando a UFMT num patamar internacional de estudos da biodiversidade”, concluiu.

A obra deve ser inaugurada até o final de 2022.

Besouros

O laboratório do professor Fernando Vaz de Mello foca seus esforços na subfamília de besouros “Scarabaeinae”, os besouros rola-bostas, que têm mais de seis mil espécies conhecidas.

“Essa subfamília é extensivamente usada como grupo indicador e como grupo modelo em trabalhos envolvendo diversidade biológica, ecologia da paisagem (inclusive efeitos de antropização de ambientes), ecologia de comunidades, sistemas de seleção sexual, entre outros”.

De acordo com o pesquisador, conhecer esse grupo oferece uma grande aplicação na medição e previsão de impactos ambientais, controle de parasitas associados a excrementos, ciclagem de nutrientes, entre outros.

“Hoje, na América do Sul, temos dificuldades por não conhecermos uma grande parte dessas espécies e pela indisponibilidade de ferramentas adequadas de identificação para elas. A resolução desses problemas básicos, em Scarabaeinae, é o foco principal e norteador do trabalho de nosso laboratório no momento, em colaboração com diversos colegas de diferentes instituições nacionais e internacionais”, concluiu o professor.

LEIA TAMBÉM

(Com Assessoria)

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes