O presidente do PSDB em Cuiabá, Carlos Avalone, aposta que uma eventual união dos opositores ao governo Pedro Taques (PSDB) em torno de um único candidato pode surtir o efeito contrário ao esperado – que seria o fortalecimento do candidato ungido por essas articulações – e acabar atrapalhando a oposição. Aliados do pré-candidato do DEM ao governo, Mauro Mendes, têm trabalhado com a tese de que o pleito deste ano será plebiscitário, ou seja, os eleitores vão escolher entre duas opções: continuidade de Taques ou um novo governo da oposição.
[featured_paragraph]Por isso, querem levar o possível adversário Wellington Fagundes (PR) para o palanque do DEM. O primeiro passo nesse sentido é buscar o apoio do MDB e PP, siglas que sustentam a pré-candidatura de Wellington. O reforço na coligação representaria também mais tempo no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV.[/featured_paragraph]
“O político tradicional tem uma característica: vai atrás de tempo de TV. E quais são os maiores tempos de TV e as maiores rejeições? PT e PMDB. Será que vale a pena essa união? A população quer isso?”, questionou Avalone. “A forma como o político tradicional vê as eleições não é a forma que o povo vê. Isso está provado. Mas, às vezes, temos dificuldade de entender isso e procuramos coligações que nos matam”, disse.
O tucano relembrou as eleições de 1998 para refutar a tese de que unir a oposição garante a vitória sobre a aliança governista. Naquele ano, Julio Campos (DEM) concorreu ao governo com um grande arco de alianças, que incluía o até então adversário Carlos Bezerra (MDB). Ele largou com vantagem nas pesquisas, mas acabou perdendo para Dante de Oliveira (PSDB), que se reelegeu.
[featured_paragraph]“Naquela campanha, Julio estava com 58% das intenções de voto e conseguiu trazer todo mundo para o lado dele. O PSDB ficou tão isolado que lançamos uma chapa com Rogerio Salles de vice e Antero [Paes de Barros, ambos do PSDB] a senador. Não tínhamos ninguém do nosso lado. Saímos com 6% e ganhamos a eleição”, disse.[/featured_paragraph]
“Tem gente que até hoje tem convicção de que o que derrotou o Julio foi a união com Bezerra. E na eleição seguinte, o que nos matou foi a mesma união com Bezerra. Mas não estou culpando o Bezerra. O problema é a mudança de lado. O povo não entende isso”, analisou.
Quem erra menos
Para Avalone, que coordenou a campanha de Dante naquele ano, os erros dos adversários levaram à vitória tucana. “Uma eleição se ganha mais nos erros dos outros do que no seu acerto. As pessoas erram tanto na política que os erros levam à derrota. Você não precisa acertar muito na política. É só não fazer grandes besteiras”, afirmou.
“Se o Julio tivesse escrito uma cartilha ‘porque perdi essa eleição para o Dante’, quatro anos depois não teríamos perdido para o Blairo [Maggi]. A política leva ao erro. Muitas vezes, o político procura confusão, faz coisas que não queria fazer por causa do tempo de TV”, completou.
Debandada
O tucano minimizou o fato de que diversos aliados estejam abandonando o governo às vésperas do período eleitoral. “Essa história que nossa base está se desfazendo é conversa de político. O povo não presta atenção nisso. Ele vê quem vai ficar contra quem lá no final. Temos que conversar com todo mundo, mas tomar cuidado para não abrir mão da coerência, porque o povo não entende”, disse.
O dirigente analisou que uma aliança menor pode não significar perda de força nas urnas. “A população está num momento de rejeitar a classe política. Então quando unir no mesmo palanque todo mundo representando tudo isso que a população não quer pode não ser bom. Talvez uma aliança um pouco mais restrita possa abrir esse canal melhor com a sociedade”, afirmou.
