O avanço do novo coronavírus dentro das penitenciárias tem encontrado policiais penais e agentes prisionais despreparados e abalados emocionalmente para lidar com a situação. Quase 74% deles relatam ter a saúde mental afetada por causa da pandemia. E o apoio institucional para lidar com essas emoções chegou a apenas 5,1% desses profissionais.
Os números são da segunda fase da pesquisa com agentes penitenciários realizada pelo Núcleo de Estudos da Burocracia, da Fundação Getulio Vargas (NEB/FGV). O levantamento entrevistou – de forma online – 613 agentes de todas as regiões do Brasil.
E os profissionais da região Centro Oeste são os que mais temem a covid-19. Mais de 87% deles afirmaram temer o novo coronavírus. Uma diferença de cinco pontos percentuais entre os segundos colocados nesse ranking: os profissionais do Nordeste.
Em termos de Brasil, 82% dos agentes prisionais afirmaram que as tensões entre presos aumentaram neste período de pandemia.
A falta de contato com os familiares, de informações sobre o cenário da doença no país, o medo de se contaminar, a má alimentação e o isolamento estão entre os motivos descritos pelos agentes.
E quase 68% desses profissionais afirmaram conhecer ao menos um detento contaminado com a covid-19. No Centro Oeste, esse percentual chega a 80%. Uma situação que só não é tão ruim quanto a do Nordeste, onde 96% dos agentes carcerários afirmaram conhecer presos doentes e 100% tiveram um colega contaminado.
Despreparo
Paralelo a isso, só cerca de 32% desses agentes prisionais acreditam que a unidade em que trabalham têm condições de oferecer isolamento a detentos que forem diagnosticados.
No Centro Oeste, é de pouco mais de 39%, ou seja, na visão de quem trabalha dentro dos presídios, mais da metade das cadeias da região não teria como conter uma disseminação em massa do vírus entre os presos.
O Centro Oeste é também a região em que os agentes menos se sentem preparados para lidar com essa nova situação. Pouco menos de 18% deles disse sentir que consegue lidar com os desafios impostos pela pandemia.
Falta de EPIs e testes
A pesquisa revelou ainda que mais da metade agentes prisionais do Brasil continua sem equipamentos de proteção individual (EPIs). Só cerca de 49% disseram ter acesse a esses materiais, um percentual que, pelo menos, já é maior do que na primeira fase da pesquisa, realizada em abril.
Os níveis mais alarmantes, neste caso, estão na região Norte, onde apenas 26,3% dos agentes relatam ter recebido EPIs.
E no caso dos testes, a situação mais preocupante ainda. Em termos de Brasil, só 23% dos profissionais das penitenciárias afirmam ter sido testados para a covid-19. No Sudeste do país, esse percentual cai para 10%.
(Com informações da Agência Bori)