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Transpantaneira: quatro mil hectares são atingidos pelo fogo em apenas um dia

MT registrou redução de 22% nos focos de incêndios em comparação com o ano passado, mas 62% deles tiveram início já no período proibitivo

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Transpantaneira: quatro mil hectares são atingidos pelo fogo em apenas um dia
(Foto: André Souza/O Livre)

Quatro mil hectares foram atingidos pelo fogo apenas entre os dias 31 de agosto e 1º de setembro no Pantanal mato-grossense. O incêndio florestal, ainda ativo, ocorreu na região da rodovia Transpantaneira.

Iniciado no sábado (28), o incêndio já consumiu mais de 7 mil hectares nos últimos cinco dias. Os dados são de uma análise do Instituto Centro de Vida (ICV) com base em dados do Global Fire Emission Database (GFED)/NASA.

O número alarma, mesmo diante da diminuição registrada no fogo na porção do bioma neste ano no Estado, em comparação às tragédias de incêndios florestais no bioma em 2020.

No ano passado, o período de janeiro a agosto somou 940 mil hectares queimados no Pantanal de Mato Grosso, enquanto 2021 contabiliza 88 mil.

Em todo o bioma localizado no território brasileiro, 2020 registrou o impacto em 3,9 milhões de hectares, o correspondente a 27% de sua área total.

Desde o início do ano até 31 de agosto, 547,2 mil hectares foram afetados, mas as áreas se concentram no Estado vizinho, Mato Grosso do Sul.

Do total de área queimada o até 31 de agosto no bioma, 458,5 mil hectares (84%) das áreas incidem em Mato Grosso do Sul e 88,7 mil (16%) em Mato Grosso.

MT tem redução, mas ilegalidade impera

A área total atingida pelo fogo em Mato Grosso de janeiro até o dia 31 de agosto é de 2,14 milhões hectares, o que representa uma diminuição de cerca de 22% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o Estado teve incendiados 2,7 milhões de hectares.

A maior parte desses focos, o equivalente a 62%, no entanto, teve início já no período proibitivo, quando o governo decreta a proibição de uso de fogo em todo Estado.

Para áreas onde são previstas autorização de queima controlada, os imóveis rurais cadastrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR), apenas 7% das áreas incendiadas tiveram algum tipo de autorização expedida pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema/MT).

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O número considera também o ocorrido desde o início do período proibitivo, quando todo uso de fogo é proibido e é a época mais crítica de incêndios florestais no Estado.

A categoria fundiária com maior incidência de áreas atingidas pelo fogo foi a de imóveis rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR), responsável por 54% da área queimada (1,1 milhão de hectares), seguido pelas terras indígenas, com 24% (510 mil hectares) e de áreas não cadastradas, com 13% (272,8 mil hectares).

Entre as terras indígenas, a maior área afetada por incêndios foi a TI Pimentel Barbosa, com 92 mil hectares queimados.

Junto com a TI Parabubure (71,6 mil hectares) e TI Areões (47,3 mil hectares), que são ocupadas pelo povo Xavante, responderam por 41% do total afetado pelo fogo em TIs em Mato Grosso nesse ano.

Período proibitivo

Um total de 1,32 milhões hectares foram afetados pelo fogo de 1º de julho até 31 de agosto, quando as queimadas são proibidas no Estado.

A maior parte ocorreu no Cerrado, onde incidiram 49% (649 mil hectares) do total de áreas atingidas pelo fogo no período proibitivo, seguido da Amazônia com 47% (619,8 mil hectares) e Pantanal com 4% (60,6 mil hectares).

Em relação ao tipo de cobertura do solo nas áreas atingidas pelo fogo nesses primeiros meses do período proibitivo, 54% são áreas de savana ou pastagem. Outros 42% são de áreas recentemente desmatadas ou de cobertura florestal.

Entre as categorias fundiárias, 48% do total já queimado no período proibitivo ocorreu em imóveis rurais já inscritos no CAR.

“Portanto de possível identificação de proprietário e propriedade para as ações de responsabilização”, relembra Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV.

As terras indígenas (TIs) são, proporcionalmente, a categoria mais afetada no período proibitivo.

Entre 1º de julho e 31 de agosto, o fogo atingiu 394,7 mil hectares em terras indígenas, o que representa 30% do total registrado nesse período.

Colniza, campeã de MT

Localizado na região noroeste do Estado, município amazônico de Colniza lidera, com 84,2 mil hectares, a lista de municípios com mais áreas afetadas pelo fogo no período de proibição.

No município, a Reserva Extrativista (Resex) Guariba/Roosevelt, uma unidade de conservação (UC) de uso sustentável, é, entre as UCs desse grupo, a área com maior registro de áreas queimadas. Na Resex foram contabilizados mais de 11 mil hectares de área afetada pelo fogo somente no período proibitivo.

Em todo o município de Colniza, 91% da área queimada neste período foram áreas de floresta ou recentemente desmatadas.

“O que demonstra uma clara associação do uso do fogo e do desmatamento na conversão dessas áreas para uso agropecuário”, comenta Vinícius.

É seguido por Paranatinga (82,7 mil hectares), Campinápolis (67 mil hectares), Aripuanã (66,9 mil hectares) e Barra do Garças (62, 2 hectares).

Juntos, os cinco municípios somam 27% do total atingida pelo fogo no primeiro mês de período proibitivo.

(Com Assessoria)

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