Os trabalhadores dos Correios decretaram greve geral, por tempo indeterminado. A paralisação teve início na noite desta terça-feira (10) e tem como motivo a proposta do governo federal de privatizar empresa pública.
Representantes dos Correios alegam ainda estar avaliando o real impacto da greve. Já a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) garante que o movimento é nacional.
Os trabalhadores também tentam pressionar a direção da empresa a negociar a manutenção de direitos trabalhistas e dos atuais salários no futuro Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que está por ser assinado.
No mês passado, o governo federal incluiu os Correios no Plano Nacional de Desestatização (PND) e inaugurou a fase de estudos para privatizar, total ou parcialmente, a empresa e outras 17 estatais.
A abertura de estudos não indica necessariamente que uma empresa será privatizada, restando, como alternativa para as companhias federais incluídas no plano, a assinatura de parcerias com o setor privado.
De acordo com Martha Seillier, secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), da Casa Civil, o objetivo inicial é analisar a viabilidade econômica dos ativos federais (empresas, ações e serviços) e o possível impacto de parcerias com a iniciativa privada.
Os representantes da categoria temem a redução salarial e a perda de benefícios.
Em nota, a direção dos Correios afirma já ter apresentado aos trabalhadores os números que revelam a “real situação econômica da estatal”. De acordo com a empresa, os prejuízos operacionais acumulados chegam a R$ 3 bilhões.
“Os Correios participaram de dez encontros na mesa de negociação com os representantes dos trabalhadores, mas as federações expuseram propostas que superam até mesmo o faturamento anual da empresa, algo insustentável para o projeto de reequilíbrio financeiro em curso pela empresa”, alegou a direção dos Correios.
Sem negociação
O processo de negociação do Acordo Coletivo 2019/2020 está no Tribunal Superior do Trabalho.
Na semana passada, após várias tentativas de conciliação entre a empresa e os empregados, o vice-presidente do TST, ministro Renato de Lacerda Paiva, decretou a extinção do procedimento.
Segundo a assessoria do tribunal, a direção dos Correios foi a única a não aceitar a proposta de prorrogar o acordo coletivo de trabalho para que uma nova negociação ocorresse. Ainda segundo a assessoria do tribunal, “a continuidade da mediação evitaria a greve da categoria”.
Em assembleia realizada ontem à noite, em São Paulo, o vice-presidente da Findect, Elias Cesário de Brito Júnior, afirmou que a categoria foi “empurrada” para a greve.
“Queríamos continuar trabalhando como sempre fizemos, servindo à população e defendendo nossos empregos. Há mais de três meses que estamos negociando, colocando a pauta de reivindicações. Teve que o TST intervir”, discursou Júnior.