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Tempo de pipa: conheça a loja de brinquedos que é sucesso no CPA

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Tempo de pipa: conheça a loja de brinquedos que é sucesso no CPA

Ednilson Aguiar/Olivre

zé da pipa

Zé da Pipa é sucesso no bairro e na cidade

Chegamos na famosa lojinha de pipa do CPA IV numa tarde de chuva, mas lá haviam pelo menos três jovens comprando a brincadeira. Em qualquer comércio o dia seria parado, mas não no Zé da Pipa. Na medida em que conversávamos com José Butakka, o Zé que dá nome e mão de obra ao negócio, a chuva caía lá fora e mais gente chegava para dentro – e não era para fugir da garoa.

Antes de Zé chegar, foi seu irmão, Kalil Butakka, quem nos adiantou a pauta e contou que o dia estava bem calmo, para a nossa surpresa. Nesta época do ano, ele está acostumado a ver longas filas se formarem na Rua Beija-flor, pois é temporada das pipas. “Se fosse sempre férias, a gente estava rico”, brinca.

Para Kalil, a época de folga influencia até mais que o clima. Sobre o ideal, ele explica um macete: “vento demais, pipa pequena, vento de menos, pipa grande”, contrariando a lógica dos que desconhecem. Kalil já é um expert no mundo das pipas – segundo ele, só na teoria – tamanha convivência com o exercício do irmão.

Ednilson Aguiar/Olivre

zé da pipa

A brincadeira milenar agrada gerações

O brinquedo carrega uma tradição milenar e já teve várias funções; de para-raios a meio de comunicação. Na era dos videogames e invenções tecnológicas, a brincadeira resiste no cotidiano dos jovens dos bairros e comunidades. “Quanto mais periferia, mais pipa”, confirma Kalil. É também mais espaço, menos fiação, mais terrenos baldios e coletividade.

Mas se engana quem pensa que a pipa é brincadeira de criança. Seu Kalil é categórico ao afirmar que quem mais compra pipa é o adulto. “A maioria já é homem casado e fala que vem comprar pipa para criança, porque fica com vergonha”, diverte-se. Zé confirma: se vem sozinho, pode desconfiar que não é para o filho. 

O artesão já estava acostumado com a procura da mídia que reconhece a fama e o pioneirismo. Mesmo com a crescente tendência das lojas de pipa e brinquedos artesanais na cidade, a loja recebe a procura de várias regiões da cidade e fora dela. Até os concorrentes conhecem o Zé da Pipa, que também trabalha com revenda.

Ednilson Aguiar/Olivre

zé da pipa

Com habilidade, José fabrica pipas desde pequeno

A loja está completando cinco anos, mas a confecção de pipas vem desde criança. Aos 12 anos já fabricava o brinquedo, afinal, um negócio feito com tamanha paixão só poderia ter começado como brincadeira de criança e sem pressa.

“Para começar a vender, a história foi longa. Comecei a soltar e os coleguinhas vinham junto, eu ficava fazendo a pipa e eles só aproveitando, aí eu comecei a vender e vi que foi dando certo”, conta. Até abrir a loja, a primeira de Mato Grosso, ainda era funcionário da prefeitura e, quando se aposentou, contou a ideia à esposa. Ela estranhou: “Tá doido? Com pipa?”, questionou.

Viajando a São Paulo, ele conheceu figuras de referência na fabricação do brinquedo, com quem se aperfeiçoou e então o negócio cresceu rápido. Além de confeccionar e vender os materiais, na “alta temporada” ele precisa buscar em São Paulo para atender a alta demanda. “Já chegou a sair 500/600 pipas por dia”, contou.

A marca já estampa camisetas de festivais mato-grossenses que recebem profissionais de fora da cidade. Neles, José é campeão e já levou até o prêmio de menor pipa, tamanha habilidade e tecnologia desenvolvida com moldes, marcadores e qualidade dos materiais. “É facinho, quer ver?”, mesmo com a explicação das etapas, foram poucos minutos para terminar. Ele conta que chega a fabricar 200 pipas por dia.

Ednilson Aguiar/Olivre

zé da pipa

Zé da Pipa, além de especialista na fabricação de pipa, também é campeão

Segundo Zé da Pipa, a brincadeira que já teve como objetivo aparar a pipa do vizinho, se diversifica nas possibilidades de disputa. “O tempo fez com que mudasse até a forma de soltar. Na maneira tradicional, ganha a que sobe mais rápido e hoje a gurizada que puxa a pipa de volta mais rápido é o que vence”, explica.

Engana-se também quem pensa que a tradição vem decrescendo. A profissionalização e a evolução dos materiais facilitam a confecção e a tendência é só crescimento. “Pipa está igual açaí, todo lugar tem um”, brinca.

A loja possui uma infinidade de tamanhos, modelos e matérias que influenciam no voo e no pouso. Não custam mais que R$ 5 e cada uma proporciona uma velocidade e utilidade diferentes. José também vende brinquedos artesanais e criativos, como as bolitas de gude e o cubo mágico.

Se você ainda não conhece o Zé da Pipa, aproveite as férias dos pequenos e faça uma visita. A loja está localizada na Rua Beija Flor, 70 – Cpa IV (2ª Etapa) e pode ser acompanhada pelas redes sociais.

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