Há um ano descobrindo o universo da tatuagem, a cuiabana Juliana Fernandez quer utilizar a arte para contrapor a violência. As cicatrizes que marcam peles violentadas e automutiladas ganharão novas formas pelas mãos da artista, que irá criar desenhos exclusivos para tatuar cada sobrevivente. Ela anunciou a novidade nas redes sociais nesta segunda-feira (02) e cobrará apenas R$ 30 pelo trabalho.

“Desde o início acompanhei tatuadores com projetos incríveis e sempre quis fazer algo para ajudar o próximo. A minha mãe advogava de graça para pessoas que precisassem, dava aula de ioga para mulheres com câncer de mama, então eu cresci tendo ela como exemplo”, explica Nana sobre a motivação do projeto que vem amadurecendo desde o ano passado.

A ilustradora conta que esperou ter melhor domínio da técnica da tatuagem e durante esse tempo, vem se aprimorando em cobertura de cicatrizes. Assim, o trabalho solidário nasce voltado para vítimas de violência doméstica e automutilação, combatendo o preconceito e contribuindo para a autoestima.

“Tive uma vivência muito próxima com esses tipos de violência e cresci vendo que por mais que essas pessoas fossem sobreviventes e talvez nem ligassem para suas marcas, a sociedade julga muito suas cicatrizes”, explica.

Mas foi na prática que Juliana teve certeza de sua decisão. “Já tive clientes que vieram até mim para cobrir cicatrizes e durante o processo de tatua-los eu vi o quanto era bonito poder resinificar momentos sombrios, transformando em algo bonito”, complementa.

A artista explica que o tamanho das tatuagens realizadas pelo projeto irá variar entre cada corpo e cada cicatriz. As artes, no entanto, serão autorais, criações da própria artista – em suas linhas finas e estilo backwork (tinta preta). “E não só dentro da minha temática, mas com base nas referências e cicatrizes de casa pessoa, porque em algumas certas formas geométricas não ficam tão bem quanto outras com mais fluidez”, explica.

Inspirada pelas mulheres latinas e misteriosas que habitam o Centro-Oeste, Nana as representa em seus desenhos através do realismo fantástico. Nele, essas mulheres assumem diferentes formas. Cria dos anos 90, a artista também parte do universo dos desenhos animados e é fascinada por animais, principalmente os felinos e as capivaras.

Apesar de ser procurada principalmente por mulheres violentadas, o projeto não tem restrição de gênero e para participar, a pessoa só deve ser maior de 18 anos. “Não estou fazendo isso para angariar clientes, essas tatuagens não irão para o meu portfólio e eu só publicarei se me permitirem, mas ficarei muito feliz em ajudar com o pouco que tenho a oferecer”, ressalta Nana.

A tatuadora está atendendo em novo estúdio na cidade, o Extraordinárias. Até então, o único 100% feminino e autoral em Cuiabá, idealizado pela tatuadora Hiasmyn Lorrayne, que assim como Nana, também é ilustradora e artistas plásticas. Também compõe a equipe a bodypiercing Paula Patrícia que também é aprendiz de tatuagem. “De seis em seis meses, através de entrevistas nós escolhemos uma mulher para ser nosso aprendiz”, explica Nana.

Os interessados podem entrar em contato com Nana pelo instagram ou facebook.

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