O governador Pedro Taques (PSDB) disse que, desde o início do seu governo, determinou que a polêmica licitação do transporte intermunicipal fosse realizada. Ele relatou que, em 2015, revogou o decreto do ex-governador Silval Barbosa que havia prorrogado as concessões das linhas de ônibus e determinou à Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra) que realizasse a licitação. Nesse período, teve reuniões para ouvir reivindicações de empresários para manutenção dos contratos, e relatou que fez “cara de besta” para tratar do assunto com eles.
“Os empresários foram falar comigo várias vezes. Aí eu chamei o promotor, e sempre com cara de besta. Você faz cara de besta, fica com cara de besta e vai falando, ‘sim, não está errado, tem parecer disso, parecer daquilo’. ‘Mas tem uma recomendação do Ministério Público dizendo para fazer [a licitação]’”, disse Taques, na manhã desta sexta-feira (27), durante evento do Dia do Auditor, no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Ele lembrou que o Ministério Público cobra a licitação desde a década de 1990. “Ninguém queria fazer isso, não”, afirmou Taques. Ele reafirmou que tomou atitudes para realizar o certame, que desde 2015 está sob responsabilidade Sinfra. Um lote foi licitado e a concorrência foi vencida pela empresa Novo Horizonte, que começou a operar em janeiro deste ano nas regiões de Rondonópolis e Alta Floresta.
A licitação, suspensa pela Justiça em diversas ocasiões, foi novamente retomada na terça-feira (24), um dia antes da Operação Rota Final, da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz). “Em todos os atos, determinamos que a licitação fosse feita, e ela estava sendo tocada pela Sinfra”, afirmou Taques ao LIVRE.
Operação Rota Final
A Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Ager) foi alvo da Operação Rota Final, deflagrada pela Polícia Civil na quarta-feira (25). A Sinfra não foi alvo de mandados de busca. O ex-presidente da Ager Eduardo Moura e o presidente interino Luis Arnaldo Faria de Mello (já afastado do cargo pela Justiça) foram alvos da operação.
Os empresários Éder Augusto Pinheiro Júnior, dono Verde Transportes, e Júlio Cesar Sales Lima, dono da Viação Xavante, foram presos temporariamente. Os diretores da Verde Max Willian Barros e Wagner Ávila do Nascimento também foram presos.
