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Suspeita de alteração de CPI para beneficiar consórcio do VLT tumultua sessão

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Suspeita de alteração de CPI para beneficiar consórcio do VLT tumultua sessão

Ednilson Aguiar/O Livre

Deputados durante Votação do VLT

Depois de uma sessão tumultuada, que acabou por volta das 21 horas desta terça-feira, 25, a votação do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa acabou sendo adiada. A previsão é de que a questão entre na pauta da Assembleia Legislativa na manhã desta quarta-feira, 26, e provoque nova agitação.

Engavetado desde outubro de 2016, o relatório de 3,4 mil páginas e 29,3 mil anexos foi oficialmente disponibilizado aos deputados na semana passada. Os rumores de que teria sido alterado para facilitar a retomada das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), paralisadas há mais de dois anos, inflamaram os ânimos no plenário.

As falas na tribuna combinadas às entrevistas concedidas pelos deputados revelaram contradição e desorientação em vários deles. Acusações feitas por Zeca Viana (PDT) em plenário, de que o relatório da CPI foi alterado mediante propina paga a um deputado, foram desditas depois da sessão. Já o discurso inflamado de Janaina Riva (PMDB), que criticou a mudança de postura do governo, fez com que o deputado Mauro Savi (PSB) a lembrasse de que a implantação do meio de transporte havia sido arquitetada pelo pai dela, José Geraldo Riva. A parlamentar teve que se justificar, declarando-se a favor do VLT.

Os inúmeros elogios que Wilson Santos (PSDB) fez na tribuna ao trabalho da CPI foram soterrados quando ele desqualificou o relatório em entrevista, apontando inconsistências no valor a ser ressarcido aos cofres públicos. “O relatório apresenta números diferentes de devolução”, afirmou. “Na página 73 diz que é R$ 541 milhões e na página 76 fala em R$ 482 milhões. Qual vale? Como é que vou confiar? Não quero polemizar. É só um exemplo. Não quero diminuir o trabalho”.

Ednilson Aguiar/O Livre

Deputados durante Votação do VLT

Wilson Santos mostra diferença de valores no relatório

Fim do contrato
A discussão que apontou alteração no relatório da CPI levou os membros da comissão a propor uma emenda ao projeto de resolução que acompanha a votação do relatório. O relator Mauro Savi alega que assim ficará mais clara a posição da CPI. O presidente Oscar Bezerra (PSB) diz que a emenda apenas pontua itens que estão nos sub-relatórios.

Segundo Silvano Amaral (PMDB), membro da CPI, a emenda não muda nada do que estava colocado. “Ela só deixa claro o indiciamento de pessoas, a devolução de recursos, o cancelamento do contrato e, ao final, a retomada das obras do VLT”, disse.

Desde o final da investigação, a CPI sugere que o contrato com o consórcio VLT Cuiabá seja anulado e as obras sejam retomadas com outra empresa. Pede, ainda, a devolução de R$ 316 milhões aos cofres públicos.

Ex-secretário de Cidades (que promete voltar ao cargo nos próximos dias), Wilson Santos tem dito, desde a semana passada, que nada disso atrapalha a retomada das obras, pois ainda cabe ao Ministério Público analisar a investigação e ao governo avaliar se acata ou não as sugestões.

No entanto, o tucano defendeu a votação do relatório e do projeto de resolução originais, na forma como chegaram ao plenário. Ou seja, sem a emenda apresentada nesta terça-feira, que reforça o pedido pelo fim do contrato do VLT. Segundo ele, isso impediria “expor a CPI à incoerência”. “Os membros da CPI diziam que não aceitavam mudar o relatório”, disse. “Agora sou surpreendido com uma emenda que propõe três alterações no projeto que já foi aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)”.

No fim, todos estavam negando que o relatório tivesse sido alterado. Até mesmo Zeca Viana, que lançou suspeitas sobre um membro da CPI – cujo nome não citou – encerrou o dia afirmando que “não foi o relatório que alteraram, mas outra situação”, e que sua fala na tribuna foi baseada em um “zum zum zum” de que tinha havido alteração no relatório.

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