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Suicídio vitima mais policiais do que o confronto com o crime

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Suicídio vitima mais policiais do que o confronto com o crime
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Ao longo do ano passado, 104 policiais – entre civis e militares – cometeram suicídio. O número é maior do que o de policias mortos durante o horário de trabalho. O confronto com o crime resultou em 87 mortes no mesmo período.

Os dados são da 13ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública que aponta ainda: 343 policiais civis e militares foram assassinados. E 75% destes casos ocorreram quando as vítimas estavam fora de serviço.

“No senso comum, o grande temor é o risco da violência praticada por terceiros, mas na verdade o suicídio está atingido gravemente os policiais e não está sendo discutido e enfrentado de forma global”, aponta Cristina Neme, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que edita o anuário.

“É um problema muito maior que, muitas vezes, é silenciado. São os fatores de risco da profissão que levam ao estresse ocupacional. Eles passam por dificuldades que outras pessoas podem ter, mas que no caso do policial esses problemas, quando associados ao estresse psicológico da profissão e do acesso à arma, pode facilitar esse tipo de ocorrência”, lamenta a pesquisadora.

Letalidade

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública registra que houve queda de 10,43% de mortes violentas intencionais em 2018. Mas, apesar da queda, verificou-se que ao mesmo tempo cresceu em 19,6% o número de mortes decorrentes de intervenções policiais.

A ação da polícia foi responsável por 11 de cada 100 mortes violentas intencionais no ano passado. Neste período, 6.220 pessoas morreram após ação policial, o que resulta em uma média de 17 pessoas mortas por dia.

O perfil das vítimas repete a situação encontrada em outros anuários: 99,3% eram homens, quase 78% tinham entre 15 e 29 anos, e 75,4% eram negros.

Para a pesquisadora Cristina Neme, os números correspondem a uma decisão superior de ação policial.

“A atitude da liderança política é fundamental para reverter o quadro de letalidade e promover políticas de segurança mais eficazes”, assinala a especialista que reclama de “discursos demagógicos e falaciosos, que legitimam a prática da violência”.

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