Política

Sobrevivência no poder: partidos em MT fazem alianças com fissuras e associação com adversários

Eleição com poucos nomes de peso levou partidos a concentrarem-se em torno de um candidato ao custo das confusões ideológicas

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Sobrevivência no poder: partidos em MT fazem alianças com fissuras e associação com adversários
(Foto: Divulgação/Justiça Eleitoral)

As alianças eleitorais que saíram das convenções partidárias em Mato Grosso já mostram pontos fracos, com tendência a fissuras, antes mesmo do início das campanhas. MDB, PP, PL, PSD, PSB são algumas siglas que não estão acomodadas nos arranjos políticos que integram. 

Os atritos vão desde coligações parciais para apenas um cargo na majoritária a desentendimento sobre qual candidato deveria ser apoiado pelos respectivos partidos dos filiados, com efeito na formação da base do governo hoje. 

O movimento mais recente foi uma conversa entre o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) e deputados estaduais do PP e PSD, nessa quarta-feira (10). Os cinco parlamentares que os dois partidos somam fazem parte do grupo de apoio à gestão de Mauro Mendes na Assembleia Legislativa. 

As siglas estão no arco de aliança da candidatura da oposição ao governo, puxada pela primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro (PV). A conversa com Pivetta seria para apaziguar o confronto nas eleições. 

“São deputados que tiveram desempenho fundamental na performance do nosso governo até aqui e que nós precisamos que continue nos apoiando. Foi uma conversa de convergência muito boa. São pessoas que não só querem apoiar o governo, mas que apoiaram o governo nos momentos mais difíceis”, afirmou o vice-governador. 

No mesmo dia, o deputado estadual Eduardo Botelho (União Brasil) alertou ao candidato pela reeleição, senador Wellington Fagundes (PL), que a aliança homologada nas convenções partidárias, com aval do presidente Jair Bolsonaro (PL), não lhe garantirá votos nos extratos mais baixos dos filiados.  

“Ele vai ter que pôr o manto da humildade e ter que vir conversar com deputados, vereadores e prefeitos”, disse. 

O PL também ainda lida com fraquezas outros dois pontos do arco de alianças. O MDB, membro da coligação, resolveu pela liberação de voto individual ao Senado para salvar o acordo com o adversário de Wellington na disputa eleitoral, deputado federal Neri Geller (PP). 

Os membros do partido devem aparecer ao lado Wellington Fagundes nos palanques, mas vão pedir voto para outro candidato. E pela vontade do MDB isso pode refletir no tempo de rádio e TV na propaganda eleitoral gratuita.  

A direção do MDB diz que seu acordo está restrito à candidatura ao governo. Ou seja, na prática, ele se dispõe a ceder tempo apenas a Mauro Mendes, mas há desacordo sobre a cobertura da coligação. A interpretação, já ressaltada pelo PL, é de que a aliança cobre todas as candidaturas majoritárias. 

“Isso acontece porque praticamente temos uma candidatura ao governo. Existem outros nomes na concorrência, mas nenhum tão forte para tirar a reeleição do governador. E todos partidos querem ficar em torno do poder, como se fossem insetos em torno de um foco de luz”, diz o cientista político João Edisom. 

O analista afirma que, passado o período de convenções partidárias, onde se leva em conta o dinheiro e o tempo de exposição nas mídias que a cada sigla pode somar às coligações, a tendência é que as divergências não resolvidas aflorem de novo. 

O PL também tem dificuldades em acomodar o PSB na aliança. Segundo o presidente do diretório, deputado estadual Max Russi (PSB), o acordo feito com o governador Mauro Mendes, para eles continuassem na base, foi a escolha de um nome para a segunda suplência de Wellington Fagundes. 

Mas, há resistência do senador pelo motivo de que a confirmação vaga passaria por uma desses alinhamentos esdrúxulos. O PSB participa da chapa com PT, representado pelo ex-governador Geraldo Alckmin como candidato a vice-presidente. 

A concessão da segunda suplência à sigla colocaria indiretamente Lula no lado de Bolsonaro em Mato Grosso e a associaria a federação PT, PV e PCdoB ao governo, em nível estadual. 

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