A forma de financiamento do instituto Mato-grossense da Carne (Imac) não está agradando o Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), que se reuniu nesta quinta-feira (29), em Cuiabá, para discutir o assunto. Dentre as pautas da reunião, estava a permanência do sindicado no Imac e “desvio de finalidades” dos recursos do Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso (Fesa-MT), que, segundo a associação, é financiador do Instituto.
O Imac é composto pela indústria (frigoríficos), Acrimat e governo do Estado. Foi criado em 2016, com a finalidade de desenvolver pesquisas, tecnologias e fomentar o setor agropecuário mato-grossense. Contudo, na avaliação do presidente do Sindifrigo, Tadeu Paulo Bellincanta, o órgão não tem cumprido o seu papel.
[featured_paragraph] “Estou colocando uma avaliação pessoal, não da entidade. Na minha opinião o Imac não tem razão de ser, não traz nada de novo, soma despesas, e não soma benefício”, avalia Bellincanta.[/featured_paragraph]
Outra crítica do setor é a utilização do Fundo Emergencial para o financiamento do Imac, que, para o presidente, tem sido destinado para “fomentar o negócio”, o que não foi proposto inicialmente. Bellincanta ainda ressalta que o problema não é o recurso destinado para o Imac, em si, mas a maneira que foi encontrada para o financiar.
[featured_paragraph]“Nós não concordamos, [estão] utilizando o dinheiro de um fundo que é emergencial para questões de sanidade animal. Vamos brigar pela recomposição desse fundo. Decidimos ficar na briga. Eu não digo que seja ilegal, mas não é aquilo que foi prometido ao produtor. Vamos querer alterar isso”, garantiu o representante.[/featured_paragraph]
O presidente do sindicato adiantou que a utilização desse recurso pode colocar em risco toda a pecuária estadual. Caso haja “qualquer foco de doença em que o governo é muito lento para agir, nós temos recursos para ir lá, isolar esse foco, indenizar os produtores e fazer o que tem que ser feito com a rapidez que exige o caso”, esclareceu.
Segundo ele, se não houver eficácia na solução do problema, a pecuária “corre um risco muito grande de sanidade. O que mexe com [o valor] da arroba do boi. Você não pode exportar, não pode fazer um monte de coisa”, explicou Paulo.
Rompimento com a Imac
A decisão se o Sindifrigo vai ou não continuar vinculado ao Imac foi adiada para o início de 2019, quando os sindicalistas irão se reunir para debater o assunto. A reunião deve ocorrer entre o dia 22 e 30 de janeiro.
De acordo com o Bellincanta, os membros do sindicato viram que a questão do financiamento do Imac é mais emergencial. Por esse motivo, decidiram discutir uma solução para a maneira como se está utilizando recursos do fundo. “Nós queremos estacar isso. As outras decisões que nós vamos tomar ficaram encaminhadas para janeiro”, advertiu o presidente.
O vínculo do Sindifrigo com o Imac está em xeque por, segundo Paulo Bellincanta, entenderem que “o Instituto possa não estar atingindo o que ele se propôs no primeiro momento”.
[featured_paragraph] “Nós entendemos que todos os objetivos do Imac são duramente perseguidos pela Acrimat, Famato, Sindifrigo e todas as associações e sindicatos espalhados pelo Estado. O Imac vem sem um objetivo específico diferente do que já existe. Aumenta o imposto e não consegue trazer uma proposta nova, ainda que possam alegar algum tipo de trabalho, naquilo que já está sendo feito”, avalia o dirigente.[/featured_paragraph]
Aumento nos custos
Depois da criação do Imac, houve aumento médio de 17,2% nos valores pagos pelos pecuaristas e frigoríficos. Os valores somados, que iriam para o fundo, antes eram entorno de R$ 3,70, agora é R$ 4,34, por animal abatido. “Nós fomos pegos de surpresa com o aumento desse valor, e, pior, pra fomentar uma atividade fora da defesa da sanidade animal”, relatou.
Segundo ele, a taxa recolhida para o Fesa, deveria ser usada para formar um “colchão”, e que com “um valor ‘x’ nós diminuiríamos a contribuição”, o que não aconteceu.
[featured_paragraph] Na avaliação do presidente, o pecuarista é quem mais sofre com esses tributos. “Se pecuarista pagar R$ 2,17 e o frigorífico também, o frigorífico vai tirar da arroba esse valor. Ele não vai inventar esse dinheiro, esse dinheiro vai sair da matéria prima”, explicou o gestor.[/featured_paragraph]
O representante dos sindicalistas contou que o setor foi pego de surpresa no final do ano passado, quando houve alterações e emissões de decretos, contudo, promete que o setor vai lutar para “restabelecer legislação, brigar por uma nova lei, um novo decreto, para estancar essa saída de recursos, que nós julgamos improcedente, fora do propósito”.