No Fórum de Cuiabá para uma audiência de conciliação em uma ação de reintegração de posse, na tarde de terça-feira (16), o ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, se reservou ao direito de não comentar com a imprensa certos assuntos relacionados à ex-aliados e ao atual gestor do Executivo, Mauro Mendes (DEM). Para determinadas perguntas feitas pelos repórteres que o aguardavam, ele lembrava: “estou preso”.
Apesar de se mostrar aberto às demandas da imprensa, Silval mandou o primeiro lembrete logo quando foi questionado sobre o indeferimento de um possível acordo de colaboração premiada entre o ex-deputado estadual José Riva e o Ministério Público Federal (MPF).
Riva, que é sócio de Silval, entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reaver seu acordo de colaboração premiada, que foi celebrado com o Ministério Público Federal (MPF) em 2017. No entanto, na última sexta-feira (12), a Primeira Turma do STF voltou a negar a tratativa, porque o ex-deputado teria voltado a cometer crimes depois de fechar a delação.
“Não posso dar palpite porque estou recluso em casa. Eu só vejo o que vocês escrevem”, comentou Silval, observando não saber como “as coisas aconteceram”.
Em outro ponto da entrevista, o ex-governador também criticou seu nome estampado em noticiários e pontuou que tem o desejo de retomar sua vida. Quando questionado sobre com o que trabalha ou pretende trabalhar, porém, voltou a lembrar: “eu estou preso. Não estou liberado ainda. Não sei, vou ver”.
A prisão referida por Silval é domiciliar, um regime de semiaberto diferenciado previsto em seu acordo de colaboração premiada, homologado pelo ministro do STF, Luiz Fux. Além de entregar provas dos esquemas criminosos em que se envolveu, o ex-governador também se comprometeu a devolver R$ 70 milhões de seu patrimônio.
Atualmente, Silval aguarda decisão da Sétima Vara quanto à remição de 104 dias de pena e a progressão para o regime semiaberto, no qual poderá trabalhar. O pedido foi feito pela defesa do ex-governador no início de março, quando o ex-chefe do Executivo completou 3 anos e 6 meses de prisão. Desses, ele passou 21 meses em regime fechado e os outros 21 meses no domiciliar.
Ainda na tarde de terça-feira, apesar de negar comentários, Silval não perdeu a oportunidade de criticar a imprensa. Disse estar sendo alvo constante de matérias jornalísticas de cunho “crítico” e observou a “falta de vontade” de repórteres para levantar dados nos sistemas financeiros do governo.
“Eu rasgo minha carteirinha de jornalista também para ver…”, chegou a dizer. “Estou aí há três anos enclausurado, recluso. A imprensa batendo demais. Muitas vezes não entende o que eu fiz, coloca só a culpa de um lado. Eu estou colaborando. Eu acho que a imprensa tem papel fundamental em retratar isso”, destacou em outro momento.
O ex-governador só não deixou de comentar a cassação da senadora Selma Arruda (PSL), responsável por sua prisão e condenação quando ainda estava à frente da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
“Eu não meço ela com minha régua, não meço. Ela se julga tão conhecedora da lei e praticar os crimes cometidos por ela, como mostra na imprensa, é muito grave. Eu cometi alguns crimes e estou colaborando com a Justiça. Ela deveria fazer o mesmo, confessar que errou, que fez ‘caixa 2’ e uma campanha extemporânea, com recursos que só ela sabe explicar [de onde vieram]”, ponderou.
Silval mora em Matupá (700 km de Cuiabá) desde dezembro de 2018, quando conseguiu autorização da Justiça para se mudar. Recentemente, também conseguiu autorização para viajar para o casamento de sua única filha, a médica Carla, que acontece no dia 24 de abril, em São José do Rio Claro (SP).
